“Estou tomando a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou a sentir-me muito bem, estava mais ou menos no domingo, mal na segunda-feira, hoje e terça estou muito melhor do que sábado. É com toda a certeza que [o medicamento] está dando certo. Sabemos que hoje em dia existem outros remédios que podem ajudar a combater o coronavírus, sabemos que nenhum tem a sua eficácia cientificamente comprovada mas está dando certo. Portanto, eu confio na hidroxicloroquina. E você?”
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Mas será que há evidências científicas que comprovem a eficácia deste fármaco?
A resposta é negativa. Num documento da DGS de 23 de março de 2020, intitulado como “Abordagem do Doente com Suspeita ou Infeção por SARS-CoV-2”, no qual se estabelecem diretrizes relativamente à pandemia do novo coronavírus, indica-se que “a hidroxicloroquina, a par do remdesivir e do lopinavir/ritonavir, “são terapêuticas antivirais experimentais, porque ainda não têm evidência científica para esta indicação terapêutica específica (Covid-19).”
“Não existem atualmente medicamentos autorizados para o tratamento de Covid-19 nem estão também autorizadas quaisquer vacinas. Existem, contudo, várias moléculas apontadas como possíveis candidatos terapêuticos. À data, considerando o conhecimento científico atual e as recomendações da OMS, encontram-se em investigação, entre outras, as seguintes estratégias terapêuticas: remdesivir, lopinavir/ritonavir, e cloroquina ou hidroxicloroquina”, sublinha-se no texto.
No dia 29 de maio, e seguindo orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) e a Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiram recomendar a suspensão do tratamento com o fármaco em doentes com Covid-19.
No dia 29 de maio, e seguindo orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) e a Direção-Geral da Saúde (DGS) decidiram recomendar a suspensão do tratamento com o fármaco em doentes com Covid-19.
“Após estudo com mais de noventa mil doentes com Covid-19, publicado pela revista The Lancet, a 22 maio de 2020, a OMS decidiu suspender a inclusão de novos doentes em tratamento com hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidarity. Este ensaio estava a decorrer em vários países e ainda estava em fase de implementação em Portugal, onde não houve doentes incluídos até à data”, pode ler-se num comunicado de imprensa do Infarmed.
“Os autores do estudo referem ‘não ter conseguido confirmar o benefício da hidroxicloroquina ou da cloroquina nestes doentes’, apontando um acréscimo de efeitos adversos potencialmente graves, incluindo ‘um aumento da mortalidade’, durante a hospitalização de doentes com Covid-19, conclusões que terão de ser confirmadas através de ensaios clínicos aleatorizados e controlados, uma vez que este estudo apresenta várias limitações. Neste sentido, a OMS decidiu suspender os ensaios clínicos em curso, até nova avaliação em junho”, conclui-se.
No dia 4 de julho, a OMS tomou mesmo a decisão de descontinuar a utilização da hidroxicloroquina em doentes hospitalizados. “Os resultados interinos dos testes demonstram que a hidroxicloroquina e a lopinavir/ritonavir diminuem pouco ou nada a mortalidade de pacientes com Covid-19 hospitalizados, comparando com os tratamentos convencionais”, pode ler-se em nota publicada na página oficial.
No dia 4 de julho, a OMS tomou mesmo a decisão de descontinuar a utilização da hidroxicloroquina em doentes hospitalizados. “Os resultados interinos dos testes demonstram que a hidroxicloroquina e a lopinavir/ritonavir diminuem pouco ou nada a mortalidade de pacientes com Covid-19 hospitalizados, comparando com os tratamentos convencionais”, pode ler-se em nota publicada na página oficial.
Em suma, não há qualquer evidência que a hidroxicloroquina tenha alguma eficácia no tratamento da Covid-19. Pelo contrário, de acordo com testes realizados recentemente e citados pela OMS, o fármaco diminui “pouco ou nada a mortalidade” dos pacientes infetados pelo SARS-CoV-2.
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