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Bloco de Esquerda e PCP “nos últimos quatro Orçamentos do Estado votaram sempre contra”?

Política
O que está em causa?
No rescaldo nas eleições legislativas, perante a formação de uma maioria de direita no Parlamento, há quem no Facebook aponte o dedo a responsabilizar o Bloco de Esquerda e o PCP pelos resultados nas urnas de voto, na medida em que terão votado "sempre contra" os "últimos quatro Orçamentos do Estado" apresentados pelo Governo do PS. Verdadeiro ou falso?

“O BE e o PCP estão satisfeitos? Nos últimos quatro Orçamentos do Estado votaram sempre contra“, destaca-se num post de 11 de março no Facebook, remetido ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.

A publicação surgiu logo no dia seguinte às eleições legislativas de 10 de março que resultaram numa vitória da Aliança Democrática (AD), com um total de 80 mandatos, e uma maioria parlamentar dos partidos mais à direita no espectro político, englobando o Chega (50 mandatos) e o Iniciativa Liberal (oito mandatos).

Ou seja, responsabiliza-se assim o BE e o PCP por tais resultados, na medida em que votaram contra os Orçamentos do Estado apresentados pelo Governo do PS.

Nos três últimos Orçamentos do Estado (referentes a 2024, 2023 e 2022), de facto, tanto o BE como o PCP votaram sempre contra.

Contudo, no Orçamento do Estado para 2021, os deputados do PCP (e do PEV) abstiveram-se, o que possibilitou aprovar o documento. Nessa circunstância, também o PAN e as deputadas não inscritas Cristina Rodrigues (eleita pelo Chega em 2024) e Joacine Katar Moreira (ex-Livre) optaram pela abstenção. Quanto ao Bloco de Esquerda, votou contra.

Recorde-se que a rutura total entre os ex-parceiros da “geringonça” só se materializou na votação do Orçamento do Estado para 2022, quando a oposição de BE e PCP levaram a uma dissolução da Assembleia da República e convocação de novas eleições legislativas que resultaram em maioria absoluta para o PS de António Costa.

No primeiro Orçamento do Estado pós-“geringonça”, em 2020, os bloquistas e os comunistas ainda se abstiveram. Mas o partido então liderado por Catarina Martins avançou primeiro para os votos contra logo em 2021, cabendo ao PCP a viabilização através da abstenção nesse ano.

Em conclusão, o post refere-se erradamente aos “últimos quatro Orçamentos do Estado”, não tendo em conta a abstenção do PCP em 2021 que foi essencial para a aprovação nesse ano. E assim como que adiar a rutura tal que viria a concretizar-se no Orçamento do Estado para 2022.

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Avaliação do Polígrafo:

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