“Beyoncé anuncia que está apoiando Kamala [Harris] por causa do acesso ao aborto até ao nascimento. É literalmente um voto para Satanás. Todos sabem o porquê de ela estar a apoiar essa gente”, acusa-se numa publicação de 27 de outubro no X/Twitter.
Em associação a um vídeo que mostra a cantora norte-americana Beyoncé a discursar num comício de Kamala Harris, candidata do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos da América (EUA), esta alegação sobre a pretensa causa do seu apoio tem sido difundida viralmente nas redes sociais ao longo dos últimos dias.
“Satânico: Beyoncé diz que votará em Kamala [Harris] pelo apoio ao aborto até ao nascimento”, realça-se noutro exemplo de publicação, desta vez no Facebook, também no dia 27 de outubro.
De facto, Beyoncé discursou num comício da campanha eleitoral de Kamala Harris, a 25 de outubro, na cidade de Houston, Texas. Mas na gravação em vídeo (pode consultar aqui) da sua intervenção verifica-se que não fez qualquer referência ao “aborto até ao nascimento”.
“Estou aqui como uma mãe que se preocupa profundamente com o mundo onde vivem os meus filhos e todos os nossos filhos, um mundo onde temos a liberdade de controlar nossos corpos, um mundo onde não estamos divididos”, sublinhou Beyoncé, num discurso em que anunciou o seu apoio à candidata Kamala Harris, mas não pelo motivo evocado naquelas publicações nas redes sociais.
“Imaginem as nossas filhas a crescer e ver o que é possível, sem limites nem tectos. Imaginem as nossas avós. Imaginem o que elas sentem nesse momento. Imaginem aqueles que viveram para ver este dia histórico”, afirmou, tendo depois concluído que “o nosso momento agora é que os Estados Unidos cantem uma nova canção. As nossas vozes cantam um coro de unidade, cantam uma canção de dignidade e oportunidade”.
É verdade que Beyoncé apoia o direito de acesso à interrupção voluntária da gravidez nos EUA. Aliás, no mesmo dia, acompanhada da sua irmã Kelly Rowland, participou numa iniciativa em defesa dos direitos reprodutivos em Houston.
Mas nunca se referiu ao “aborto até ao nascimento”, nem associou isso ao seu apoio à candidata Kamala Harris nas eleições presidenciais. Essa alegação é falsa.
______________________________
Avaliação do Polígrafo:
