No rescaldo da final da Taça de Portugal, o Benfica emitiu ontem (19h12m) um comunicado com várias críticas e exigências às instâncias do futebol português, uma das quais explicitada no respetivo ponto 3:
“Exigir a divulgação imediata dos áudios entre Árbitro e VAR da final da Taça de Portugal, bem como as notas que lhes venham a ser atribuídas;”
Ainda na noite de ontem, uma publicação na rede X aludia a uma contradição de posições da direção benfiquista entre 2022 e 2025, com prints de notícias a ilustrarem-na.
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Benfica sobre áudios do árbitro e VAR
2022 – CONTRA // 2025 – FAVOR
Mudam conforme o vento sopra
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O que aconteceu em junho de 2022? Há contradição?
A 7 de junho de 2022, já Rui Costa era presidente do Benfica, a Assembleia Geral Extraordinária da Liga Portugal reuniu e, entre outras propostas para a época 2022/23, foi a sufrágio uma medida apresentada pelo Sporting que previa que os áudios das comunicações entre o VAR e a equipa de arbitragem pudessem ser utilizados como prova em sede de procedimento disciplinar, o que equivaleria à sua divulgação (não permitida à data).
Então, Benfica e FC Porto votaram efetivamente contra e a proposta foi chumbada, já que a maioria dos clubes acompanhou a posição emanada por Rui Costa e Pinto da Costa.
No mesmo dia, o Benfica sentiu a necessidade de emitir um comunicado a explicar a sua posição sobre o tema, justificando o sentido do seu voto. Os dois primeiros parágrafos do texto que publicou no final dessa tarde resumiam o essencial:
“O Sport Lisboa e Benfica esclarece que é e será totalmente favorável, por questões de transparência, à publicitação dos áudios entre o VAR e as equipas de arbitragem. Contudo, essa mudança, que se crê fundamental para o futebol português, tem de ser feita de uma forma legal e sustentável.
O entendimento do Sport Lisboa e Benfica é o de que a Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional não é, nem pode ser, o local para efetuar essa mudança. Não é demais recordar que as normas hoje aprovadas por esta Assembleia terão, ainda, de ser ratificadas pela Assembleia Geral da FPF, a qual, em posição sustentada pelo seu Conselho de Arbitragem, vê como ilegal essa divulgação.”
O comunicado anunciava ainda o passo seguinte do clube encarnado: “Nesse sentido, o Sport Lisboa e Benfica irá propor a realização urgente de um Conselho de Presidentes, na qual será proposta a interpelação da Federação Portuguesa de Futebol, enquanto entidade competente para abordar esta problemática, para que esclareça, cabal e definitivamente, junto das instâncias internacionais qual o âmbito da divulgação possível de tais áudios, enquanto instrumento fundamental para a evolução da arbitragem”.
Recorde-se que os áudios das comunicações entre o VAR e o árbitro de campo começaram por ser divulgados, aquando da implementação desta tecnologia na I Liga (época 2017/18), mas a polémica que causaram levou a que o Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol cancelasse a sua publicitação. A partir da época 2023/24, ainda que de forma seletiva (apenas algumas comunicações de poucos jogos escolhidos por este órgão), estas comunicações passaram a ser públicas, sob um “objetivo pedagógico”.
Assim, é verdadeiro que o Benfica votou contra a divulgação dos áudios do VAR em 2022, mas, como explicou no próprio dia – e numa altura em que não era de todo autorizada a sua publicitação –, por entender que esta mudança devia ser estrutural e autorizada pela entidade competente, afirmando então ser favorável ao princípio da sua divulgação.
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Avaliação do Polígrafo Futebol: