"Para terem uma noção do quão baixos os salários são em Portugal, basta ganhar 2.000 euros brutos por mês para se fazer parte dos 10% mais ricos do país", destaca-se num tweet de 18 de janeiro, enviado ao Polígrafo com pedido de verificação de factos.

Por outro lado, acrescenta-se na mesma publicação, "se ganhares mais de 1.500 euros já estás nos 15% mais ricos. E se ganhares mais de 800 euros estás melhor do que 54% da população ativa".

No que respeita à principal alegação, os números indicados têm fundamento?

De acordo com os últimos dados de "Gestão de Remunerações" da Segurança Social (pode consultar aqui), referentes ao mês de novembro de 2022, no âmbito do trabalho dependente de pessoas singulares com remunerações base declaradas por mês e residentes em Portugal regista-se um total de 3.955.791 pessoas singulares e 4.067.662 vínculos.

Limitando os escalões de remuneração base (a 30 dias) até aos superiores a dois mil euros, contabiliza-se um total de 319.579 trabalhadores nessa situação, entre os quais 119.521 do sexo feminino e 200.058 do sexo masculino. Em percentagem, estamos perante 8% do total de trabalhadores (e não 10%).

Quanto aos vínculos que são remunerados com mais de 1.500 euros mensais, o número sobe para 587.729 trabalhadores, ou seja, 14,9% do total (que arredonda para 15%, o valor destacado no tweet em causa). No que concerne aos escalões de remuneração base (a 30 dias) até ao valor de 800 euros, contabiliza-se um total de 2.159.534 trabalhadores, que representam exatamente 54,6% da população ativa. Ou seja, se auferir mais do que 800 euros mensais está, como nota a publicação, "melhor do que 54%" dos trabalhadores no ativo.

Em suma, a publicação indica números próximos dos corretos, de acordo com os últimos dados da Segurança Social. No entanto, importa ressalvar que a expressão "10% mais ricos do país" é duvidosa, na medida em que os dados são referentes aos salários e não à riqueza acumulada.

A expressão mais consentânea com a verdade dos factos seria "10% com maiores salários do país".

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