A publicação em causa baseia-se no "Boletim Económico - Dezembro de 2022" do Banco de Portugal (pode consultar aqui), no qual se informa que "a economia portuguesa deverá crescer 1,5% em 2023, após 6,8% em 2022, expandindo-se a um ritmo próximo de 2% em 2024 e 2025. A inflação atinge 8,1% em 2022, reduzindo-se gradualmente para 5,8% em 2023, 3,3% em 2024 e 2,1% em 2025".

"A inflação tem surpreendido em alta desde o final de 2021. Esta evolução reflete uma acumulação de choques globais e os efeitos de contágio dos preços internacionais dos bens energéticos e alimentares à generalidade das componentes do IHPC. Em 2022, a taxa de inflação deverá registar o valor mais elevado dos últimos 30 anos", informa o Banco de Portugal.

"Em 2023, a inflação inicia uma trajetória de redução, atingindo em 2025 valores próximos do objetivo de médio-prazo do BCE. Esta diminuição resulta da redução do preço dos bens energéticos, alimentares e outras matérias-primas nos mercados internacionais, do restabelecimento das cadeias de abastecimento global e de menores pressões da procura em resultado de uma política monetária mais restritiva", conjetura a instituição liderada por Mário Centeno.

  • Inflação resultou numa queda de 4,6% na média da remuneração total bruta dos portugueses? Sim, apurou o INE

    Primeiro a pandemia, depois a guerra. Nas redes sociais, as consequências da inflação exponenciada por estas duas crises têm motivado diversas publicações e, numa das mais recentes, aconselha-se ironicamente: "Continuai a culpar empresas, a não querer aumentar as fontes energéticas (...) e a nem quererem saber dos bancos centrais. Continuem a não querer ver as maiores causas dos vossos problemas como também a apoiar o que os agrava." Na origem da indignação está uma queda de 4,6% na média da remuneração total bruta dos portugueses, de acordo com dados do INE que o Polígrafo conferiu.

"A materialização destes fatores na redução da inflação é essencial para a diminuição da incerteza nos próximos anos e para o aumento da confiança dos agentes no mercado", sublinha. "Uma desancoragem das expectativas para a inflação no médio-prazo, ou um funcionamento dos mercados de bens e serviços que não traduza o efeito destes fatores, levaria a inflação e o crescimento económico para trajetórias não compatíveis com a estabilização económica e mais próximas de cenários de estagflação".

"A diminuição da inflação será gradual atendendo à abrangência das pressões existentes - com uma proporção significativa de bens e serviços a exibirem variações de preços elevadas - à recuperação das margens de lucro e às pressões sobre os salários. Estas pressões refletirão, para além de reivindicações para recuperar parte da perda de poder de compra dos salários, as reduzidas margens disponíveis no mercado de trabalho. Projeta-se que a taxa de variação homólogado IHPC se reduza para 3,7% no quarto trimestre de 2023 e se situe em 1,7% no final de 2025", detalha o Banco de Portugal.

"A incerteza em torno da projeção é elevada, com riscos descendentes para a atividade e ascendentes para a inflação", ressalva. "A principal fonte de incerteza decorre da evolução da crise energética na Europa, nomeadamente da possibilidade de se verificar escassez de gás exigindo um período de racionamento e cortes na produção, resultando em novas subidas dos preços internacionais de bens e serviços. A inflação permaneceria elevada por mais tempo, o que a par da maior incerteza, teria impactos adversos sobre a atividade. Adicionalmente, existe a possibilidade de ocorrer um crescimento mais forte dos salários e das margens de lucro das empresas, com efeitos de segunda ordem sobre os preços".

_______________________________

Avaliação do Polígrafo:

Assine a Pinóquio

Fique a par dos nossos fact checks mais lidos com a newsletter semanal do Polígrafo.
Subscrever

Receba os nossos alertas

Subscreva as notificações do Polígrafo e receba os nossos fact checks no momento!

Em nome da verdade

Siga o Polígrafo nas redes sociais. Pesquise #jornalpoligrafo para encontrar as nossas publicações.
Verdadeiro
International Fact-Checking Network