"Exame de condução. A Maria (nome fictício) passa por um ciclista sem a distância de segurança. Examinador - Pode parar ali à frente por favor. Está chumbada por não ter dado 1,5 metros ao ciclista. Maria - Mas tinha o traço contínuo, não podia pisá-lo. Examinador - O traço contínuo não tem família. Não presenciei mas foi-me contado como verdadeiro", descreve-se numa publicação de 12 de fevereiro no Facebook que suscitou dúvidas a vários leitores do Polígrafo.

"Foi bom saber que os examinadores não fecham os olhos a esta regra (só hoje perdi a conta ao número de razias que levei). Só espero que a Maria tenha percebido e não se tente vingar no primeiro ciclista que apanhar depois de conseguir a carta de condução", sublinha o autor do texto em causa.

É permitido transpor o traço contínuo para assegurar distância em relação a ciclista durante uma ultrapssagem?

Relativamente à transposição do traço contínuo, no Código da Estrada está descrito como "linha longitudinal contínua" e estipula-se no Artigo 146.º que a "transposição ou a circulação em desrespeito de uma linha longitudinal contínua delimitadora de sentidos de trânsito ou de uma linha mista com o mesmo significado" constitui uma "contraordenação muito grave".

Quanto à distância entre veículos, no Artigo 18.º determina-se que "o condutor de um veículo motorizado deve manter entre o seu veículo e um velocípede que transite na mesma faixa de rodagem uma distância lateral de pelo menos 1,5 metros, para evitar acidentes".

Mais, "quem infringir o disposto nos números anteriores é sancionado com coima de 60 a 300 euros".

Em caso de realização de uma manobra de ultrapassagem, no Artigo 38.º estabelece-se que "o condutor deve, especialmente, certificar-se de que: a) A faixa de rodagem se encontra livre na extensão e largura necessárias à realização da manobra com segurança; b) Pode retomar a direita sem perigo para aqueles que aí transitam; c) Nenhum condutor que siga na mesma via ou na que se situa imediatamente à esquerda iniciou manobra para o ultrapassar; d) O condutor que o antecede na mesma via não assinalou a intenção de ultrapassar um terceiro veículo ou de contornar um obstáculo; e) Na ultrapassagem de velocípedes ou à passagem de peões que circulem ou se encontrem na berma, guarda a distância lateral mínima de 1,5 metros e abranda a velocidade".

  • As bicicletas podem circular na faixa de rodagem "em sentido contrário"?

    Nas redes sociais questiona-se sobre que regras é que se aplicam aos velocípedes ao circularem na faixa de rodagem. Há quem critique e afirme que as bicicletas "podem tudo" com o compadecimento da polícia que, segundo vários comentários em destaque, "simplesmente ignora". O Polígrafo confere.

A partir destas regras do Código da Estrada infere-se que nas situações em que não é possível assegurar uma distância mínima de 1,5 metros em relação ao velocípede, então a manobra de ultrapassagem não deve ser realizada. Por outro lado, não é permitida a transposição da linha longitudinal contínua para garantir essa distância mínima, ou pelo menos não está prevista na lei essa exceção ao que é classificado como uma "contraordenação muito grave".

Para dissipar as dúvidas, contudo, o Polígrafo questionou a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) sobre esta matéria. A qual respondeu da seguinte forma:

"Ainda que a competência para regular, fiscalizar e examinar o ensino da condução seja do IMT, do ponto de vista do Código da Estrada, a condutora na situação referida é obrigada a aguardar por um local onde a ultrapassagem ao velocípede possa ser efetuada em segurança e dentro da legalidade".

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Avaliação do Polígrafo:

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