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Austrália dá ordem de expulsão a imigrantes muçulmanos para prevenir ataques terroristas?

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Em publicação na página "Sobrepujar a Pátria", no âmbito de um álbum denominado como "Ameaça Islâmica - Ódio Religioso a vencer", salienta-se que "Austrália dá 'lição de civilização' para todo [o] mundo! Muçulmanos que querem viver sob a lei islâmica 'Sharia' receberam ordens para deixar a Austrália, a fim de prevenir possíveis ataques terroristas". Verdade ou falsidade?

“Austrália dá ‘lição de civilização’ para todo [o] mundo! Muçulmanos que querem viver sob a lei islâmica ‘Sharia’ receberam ordens para deixar a Austrália, a fim de prevenir possíveis ataques terroristas. O primeiro-ministro John Howard chocou alguns muçulmanos australianos ao declarar: ‘Imigrantes não australianos devem adaptar-se!‘”

Esta é a introdução de um texto que está a circular nas redes sociais, através de uma publicação na na página “Sobrepujar a Pátria”, no âmbito de um álbum denominado como “Ameaça Islâmica – Ódio Religioso a vencer”.

 

Confirma-se que a Austrália está a expulsar imigrantes muçulmanos para prevenir ataques terroristas?

Sobressai desde logo o facto de John Howard já não ser primeiro-ministro da Austrália desde 2007, há cerca de 12 anos. Quanto à declaração citada, foi proferida por Howard, de facto, mas em 2005, ao reagir aos ataques terroristas ocorridos então no metropolitano de Londres, Reino Unido.

Embora Howard tenha proferido essa declaração, não é verdade que a Austrália tenha expulsado imigrantes muçulmanos da Austrália, “a fim de prevenir possíveis ataques terroristas”. Trata-se de uma efabulação a partir de uma declaração descontextualizada de Howard, com a agravante de a publicação em causa se referir ao tempo presente, como estando em curso esse processo de expulsão que não tem sustentação factual.

Além de mal traduzido e deturpado, o texto é apresentado como discurso direto de Howard que não é primeiro-ministro da Austrália há cerca de 12 anos e nunca proferiu tais declarações. É tudo falso, do princípio ao fim.

***

Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.

Na escala de avaliação do Facebookeste conteúdo é:

Falso: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Na escala de avaliação do Polígrafoeste conteúdo é:

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