"Zelensky fala ao Parlamento português no sofrimento do seu povo. Nessa comunicação, não pede ajuda humanitária. Pedir armamento mas não pedir alimentos, medicamentos, médicos, hospitais de campanha, etc., não é o discurso de quem quer a paz. É assim tão difícil de perceber?" Assim se questiona num tweet de 22 de abril, pondo em causa o principal objetivo de Volodymyr Zelensky no seu discurso ao Parlamento português, esta quinta-feira, dia 21 de abril.

Num total de 14 minutos, a intervenção por videoconferência do Chefe de Estado da Ucrânia visou, mais do que outra coisa, descrever o ataque das forças militares russas contra cidades ucranianas, com números e casos específicos. O apelo aos portugueses parece ter sido estudado e Zelensky fez até referência ao 25 de abril, equiparando o que experienciam agora os ucranianos aos tempos da ditadura do Estado Novo em Portugal. Também Mariupol foi comparada a Lisboa e até aos civis foi proposto que pensassem sobre como seria se "toda a população de Portugal" fosse "obrigada a fugir".

Quanto aos pedidos expressos, Zelensky agradeceu ao Governo português o apoio que tem dado à Ucrânia, nomeadamente através das "sanções contra a Rússia". O presidente lembrou ainda que a Ucrânia "já está a caminho da União Europeia" e que "quando essa questão for colocada, peço-vos, peço-vos mais uma vez, que nos apoiem nesse caminho. Estamos o mais a Leste e vocês o mais a Oeste, mas ambos sabemos que os valores que defendemos são iguais".

"Espero pela vossa decisão para que defendam o embargo do petróleo. Espero que se juntem a outros países da União Europeia para que o sistema bancário russo seja bloqueado. Não pode haver um banco russo a operar na Europa", apelou Zelensky, dizendo ainda que espera que Portugal possa "transmitir" a luta ucraniana "pela independência, pela soberania e pela democracia a todos os países que falam português em África".

"Lutem contra a propaganda russa, influenciem esses países. Eu sei que os nossos povos se compreendem, que se conhecem muito bem. Temos de garantir que todas as pessoas têm direito à felicidade e à saudade", concluiu o Chefe de Estado da Ucrânia.

Quando reforçou os pedidos ao Governo português, Zelensky disse estar a pedir "coisas simples", mas não foi mencionada, de facto, qualquer tipo de ajuda humanitária como medicamentos, bens alimentares ou o envio de médicos. E sim, confirma-se que pediu armamento. A título de exemplo:

"Senhores e senhoras, povo português, nós quando apelamos por apoio ao mundo, nós pedimos coisas simples. Nós pedimos armamento para nos podermos defender de forma a desocupar as nossas cidades das forças russas. Este mal que está a ser feito à Ucrânia é tão mau como o que foi feito na altura da Segunda Guerra Mundial. Precisamos de armamento pesado, de tanques."

Ainda que não tenha apelado a que fosse prestada mais assistência, Zelensky não se esqueceu de agradecer a Portugal o "apoio" e a "ajuda humanitária" que têm sido dados à Ucrânia, salientando então a ligação entre os povos dos dois países.

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