“Muitas pessoas dizem que o Livre é diferente do BE e PCP, mas depois o Livre na Assembleia da República viabiliza 99% das iniciativas do BE e 95% do PCP“, salienta-se num tweet de 19 de março que motivou pedidos de verificação de factos.
Exibe um quadro com dados sobre a “taxa de aprovação entre partidos” de iniciativas votadas na Assembleia da República, sem referência à legislatura em causa (mas presume-se que seja a última, iniciada em março de 2024, tendo em atenção a presença do CDS-PP na tabela), destacando as percentagens referentes ao partido Livre.
Assinalando as taxas de aprovação pelo Livre de iniciativas do Bloco de Esquerda (99%) e do PCP (95%), o autor da publicação conclui que “os liberais que votaram Livre devem estar satisfeitos pelo seu voto ter sido usado para aprovar quase todas as propostas da extrema-esquerda“.
Os dados do quadro estão corretos, referem-se à última legislatura (interrompida esta semana com a dissolução da Assembleia da República e convocação de novas eleições legislativas) e têm origem na página do “Instituto +Liberdade” (pode consultar aqui).
Baseia-se em dados do portal do Parlamento e abrange somente as votações de iniciativas na generalidade. Ou seja, exclui as votações na especialidade, quando baixam às comissões parlamentares.
Importa ter em atenção que, além do Bloco de Esquerda e do PCP, o Livre também vota a favor da quase totalidade das iniciativas do PS (96%) e do PAN (94%). No caso do PS, até com uma percentagem superior à do PCP.
Em resposta ao Polígrafo sobre esta publicação, o Grupo Parlamentar do Livre sublinha que o partido “vota a favor de propostas que considera positivas para o país. Podem verificar essa realidade, por exemplo, também em relação aos dados disponíveis sobre propostas do PAN, do PS ou até da coligação AD”.
Ressalva porém que “isso não acontece com as da extrema-direita porque se trata de um partido exterior à democracia, não pode ser tratado como os partidos democráticos e isso deve ser sempre bem sinalizado. Além disso, as suas propostas são mal construídas e muitas vezes violam a Constituição”.
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Avaliação do Polígrafo: