A revista brasileira “Mega Curioso” publicou, no passado mês de dezembro, um artigo baseado num alegado estudo da Universidade de Yale e divulgado no American Journal of Psychology, segundo o qual as pessoas com uma caligrafia mais feia são, em média, mais inteligentes do que as restantes.
O “paper”, intitulado “Accuracy in Handwritting, as Related to School Intelligence and Sex”, foi publicado por Arnold L.Gesell, psicólogo clínico, pediatra e professor, no The American Journal of Psychology em 1906.
Partilhada profusamente nas redes sociais, a tese provocou a polémica suficiente para que o site de fact-checking brasileiro e-farsas tenha decidido investigar a sua credibilidade.
O primeiro problema identificado foi o facto de a grafologia ser apontada como uma ciência capaz de determinar a personalidade de alguém em função da forma como escreve. Ora, hoje é um dado científico adquirido que a grafologia não é uma modalidade científica. Sobre grafologia, o site Graphology World concluiu que pessoas com uma caligrafia mais feia são mais voláteis emocionalmente, com baixa auto-estima e com problemas de integração social.
Outro problema identificado foi o facto de o estudo não ter um link associado – ou seja, não é possível chegar à fonte original da investigação. Além disso, a bibliografia citada não é propriamente confiável. Mesmo a nomes como Howard Gardner, criador da Teoria das Inteligências Múltiplas, que vêm referidos no texto, não lhes é associado qualquer tipo de citação ou bibliografia complementar.
No texto é referido um lote de factos concretos:
- Arnold L. Gesell, um falecido psicólogo e pediatra americano, concluiu que as crianças com uma caligrafia desleixada demonstram habilidades mentais acima da média, além de possuírem dotes cognitivos mais apurados;
- Howard Gardner, criador da Teoria das Inteligências Múltiplas e professor de psicologia de Harvard, concluiu que pessoas assim são mais criativas e ágeis;
- O facto de os médicos terem uma caligrafia confusa é um sintoma de que têm uma inteligência acima da média.
Todos são prejudicados por um facto: nenhum apresenta dados substanciais para basear os seus argumentos.
Avaliação do Polígrafo: