“Arqueólogos em estado de choque: túmulos de gigantes encontradas na Crimeia”. É assim que uma publicação é descrita na página Mystical Archeology [Arqueologia Mística], com mais de 180 mil seguidores.
No post, são partilhadas três fotografias, uma do que aparenta ser o túmulo de um gigante mumificado, e outras duas do esqueleto em diferentes posições.
Mas terá esta publicação algum fundamento?
Não. Na respetiva publicação, verifica-se, no primeiro comentário, que o leitor é remetido para um artigo do site “hoan.caphemoingay.com”, que apresenta informação sobre a alegada descoberta. No entanto, não se trata de uma fonte de informação credível nem existem notícias sobre a aparente descoberta, como seria de esperar de algo desta natureza.
As imagens partilhadas no referido artigo provêm de uma escavação arqueológica verdadeira realizada na antiga cidade grega de Fanagoria, como noticiou a agência russa Ruptly em agosto de 2019, mas não derivam de nenhum “túmulo de gigantes”.
Também um vídeo publicado no Youtube, a 14 de agosto de 2022, anuncia as “túmulos de gigante encontradas na Crimeia” mostrando as mesmas imagens da publicação, narradas por uma voz robótica que lê um texto, praticamente, igual ao artigo do site acima referido.
Além disso, através de uma pesquisa pelas imagens apresentadas na publicação, conclui-se que as três imagens partilhadas na publicação são falsas, tendo sido geradas por inteligência artificial (IA). Segundo a ferramenta Hive Moderation, que deteta conteúdo gerado através de IA, estas são avaliadas com 99,7% a 99,9% de probabilidade de terem sido criadas com recurso a IA, tal como confirmou o projeto de fact-checking “Lead Stories”.
Em suma, tanto as imagens publicadas no Facebook como a respectiva alegação são falsas.
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Este artigo foi desenvolvido pelo Polígrafo no âmbito do projeto “Geração V – em nome da Verdade”, uma rede nacional de jovens fact-checkers. O projeto foi concretizado em parceria com a Fundação Porticus, que o financia. Os dados, informações ou pontos de vista expressos neste âmbito, são da responsabilidade dos autores, pessoas entrevistadas, editores e do próprio Polígrafo enquanto coordenador do projeto.
*Texto editado por Marta Ferreira.
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Avaliação do Polígrafo:
