Foi no dia 29 de setembro que se reuniu o Conselho de Estado, naquele que foi o primeiro encontro presencial desde o início da pandemia. Estiveram presentes Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Rui Rio, António Lobo Xavier, entre outros.
Dias depois, a 4 de outubro, Lobo Xavier, advogado e membro daquele órgão de consulta do Presidente da República, testou positivo à COVID-19 e colocou todos os presentes em alerta. Vários testes negativos depois, Rui Rio utilizou as redes sociais para tecer comentários acerca da app lançada pelo Governo com o objetivo de monitorizar os contactos de proximidade. “Uma vez que esteve na reunião do Conselho de Estado a aplicação StayAway Covid devia-me ter alertado. E não alertou”, apontou o líder do PSD.
É verdade que a “StayAway Covid” deveria ter alertado Rui Rio do contacto com alguém infetado?
São várias as variáveis que se têm de verificar para que a aplicação “StayAway Covid” dê o alerta de contacto com pessoa infetada. Neste caso, tanto Rui Rio como António Lobo Xavier teriam de ter a app instalada e ativa e o telemóvel com o Bluetooth ligado.
Para que a notificação chegasse a Rui Rio, António Lobo Xavier deveria, nesse momento, já ter testado positivo e inserido na app o um código que um médico lhe teria enviado – só assim a aplicação emite alertas às pessoas que foram, efetivamente, contactos de risco nos 14 dias antes do diagnóstico.
Depois, Rui Rio teria de ter estado a menos de dois metros de António Lobo Xavier por mais de 15 minutos, visto que é esse o conceito de contacto de risco que a equipa de desenvolvimento da aplicação teve em conta. Segundo as imagens partilhadas pela Presidência da República, António Lobo Xavier esteve sentado entre Leonor Beleza e Francisco Louçã, ao passo que Rui Rio se posicionou à frente e à direita do advogado, a mais de dois metros de distância.
Além disto, para que a notificação chegasse a Rui Rio, António Lobo Xavier deveria, nesse momento, já ter testado positivo e inserido na app o um código que um médico lhe teria enviado – só assim a aplicação emite alertas às pessoas que foram, efetivamente, contactos de risco nos 14 dias antes do diagnóstico. Caso algum destes passos tenha falhado – por exemplo não ter sido entregue um código a Lobo Xavier ou este não ter estado o tempo estipulado com Rui Rio – a aplicação não emite qualquer notificação.
A conta oficial de Twitter da aplicação, gerida pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, respondeu a Rui Rio no Twitter com um resumo da explicação acima: “A ‘StayAway Covid’ alerta-o apenas se a pessoa infetada 1) tinha a aplicação ativa, 2) esteve a menos de 2 metros de si por mais de 15 minutos, 3) tiver recebido do médico um código aquando o diagnóstico positivo e 4) tiver inserido esse código na aplicação”, lê-se na resposta.
Assim, não é possível afirmar que a “StayAway Covid” deveria ter alertado Rui Rio sobre o contacto com alguém infetado depois do Conselho de Estado, uma vez que os quatro fatores que garantem um alerta não se verificaram neste caso.
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Avaliação do Polígrafo: