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Apenas 3% dos jovens em Portugal ganham mais de 1.600 euros por mês?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Quanto ganham os jovens por mês em Portugal? O nível de escolaridade ainda se espelha nas remunerações? E que tipo de empregos ocupam por norma? O tema voltou esta semana às redes sociais e há mesmo quem diga que só 3% dos jovens portugueses ganham mais do que 1600 euros líquidos por mês. Confirma-se?

Um gráfico da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) tem circulado nas redes sociais, servindo de fonte para acusar o Governo de fazer pouca justiça quanto aos salários dos jovens portugueses, que “rondam os três dígitos”. O Polígrafo confere.

Através de um inquérito a 2,2 milhões de jovens entre os 15 e os 34 anos, residentes em Portugal, o perfil dos jovens portugueses foi traçado, em 2021, num estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, “Os Jovens em Portugal, Hoje“, do qual faz parte o gráfico acima divulgado. De acordo com o documento, no que respeita ao salário líquido mensal, para jovens que trabalham por conta de outrem, 86% inserem-se nos escalões de valores até 1.158 euros. A maior percentagem – 30% – verifica-se no escalão entre 601 e 767 euros.

Metade dos jovens tem trabalho pago e a outra metade não tem. Entre os que na actualidade não têm trabalho pago, a maioria nunca o teve. Entre os 58% de jovens que já finalizaram os estudos, o mais habitual é terem trabalho pago (68 %) e o menos habitual é nunca terem tido trabalho pago (7%). Entre os 42% de jovens que ainda estão a estudar, o mais habitual é nunca terem tido trabalho pago (56 %) e o menos habitual é não terem agora trabalho pago mas já o terem tido (18%)”, informa-se no referido estudo.

“Entre os jovens com trabalho pago (50 % dos 2,2 milhões de jovens que esta investigação representa), as áreas de trabalho mais habituais são quatro: ‘profissões com formação superior ou autonomia criativa’ (24%), ‘comércio e vendas’ (19%), ‘funções administrativas, burocráticas e de secretariado’ (17%) e ‘prestação de serviços’ (15 %). Entre estes jovens que têm um trabalho pago, o mais habitual é serem trabalhadores por conta de outrem (86%); destes, em 51% dos casos há um vínculo contratual instável, seja com contrato a ‘termo certo’ ou ‘termo incerto’ ou noutras situações. No que se refere ao valor dos rendimentos, perto de três quartos (72%) auferem rendimentos que não ultrapassam os 950 euros líquidos por mês“, destaca-se.

Quando olhamos, porém, para rendimentos mais elevados, verificamos que apenas 5% dos jovens portugueses auferem entre 1.159 euros a 1.375 euros líquidos por mês. Mais curta ainda é a fatia de jovens que recebem entre 1.376 euros a 1.642 euros/mês (apenas 4%).

Quanto aos jovens portugueses que recebem mais 1.642 euros por mês, diz o estudo da FFMS que são apenas 3% da fatia total, uma percentagem que ultrapassa apenas o número de jovens cujo salário varia de mês para mês (2%).

O sexo e o nível de escolaridade ainda são relevantes na situação perante o trabalho e, de acordo com este retrato, “as mulheres jovens trabalham mais em ‘funções administrativas, burocráticas e de secretariado’ (22% face a 13%) e também em ‘comércio e vendas’ (24% face a 14%), enquanto os homens jovens trabalham mais na categoria ‘operário’ (especializado, semiespecializado e não especializado)”.

Quanto ao rendimento, as mulheres jovens portuguesas “auferem rendimentos mensais líquidos inferiores aos dos homens jovens: 38% das mulheres ganham mais de 767 euros líquidos por mês face a 50% dos homens”.

No que respeita ao nível de escolaridade, a verdade é que “entre os jovens que completaram até ao ensino básico e os que completarem o ensino superior, as áreas em que trabalham são muito distintas” e, no que se refere aos rendimentos líquidos mensais, “enquanto entre os que têm um menor nível de escolaridade não há praticamente jovens que ganhem mais de 767 euros, entre os que têm um maior nível de escolaridade, dois terços situam-se acima desse nível de rendimentos”.

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Avaliação do Polígrafo:

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