A decisão de cancelar a presença dos governantes em toda a agenda festiva e de adiar as celebrações próprias relativas ao 25 de Abril levou o Governo a receber críticas da opinião pública. A justificação do luto nacional de três dias decretado em honra do Papa Francisco, e da necessidade “de reserva “, não convenceu e há quem acuse mesmo o Executivo de tentar “silenciar a democracia e a liberdade“.
Na onda de reações negativas, foi partilhada uma publicação no X/Twitter que expõe a diferença entre o modo de atuação entre Portugal e Itália, onde se celebra o Dia da Libertação do Fascismo, também a 25 de abril.
“Até o Governo de extrema direita italiano manteve as celebrações do dia da libertação italiana do jugo do fascismo, que é também a 25 de Abril. Mas os parolos dos herdeiros da ditadura portuguesa vão em comitiva para o funeral, que é a 26, e cancelam o 25 de Abril”, lê-se no post em questão.
Em primeiro lugar, é preciso sublinhar que é falso que o Governo português tenha cancelado o 25 de Abril tal como aponta a publicação. O Executivo adiou as celebrações próprias e cancelou a presença dos governantes na agenda festiva, o que não significa que a festa tenha sido integralmente cancelada.
Mas será que a publicação diz a verdade em relação às celebrações em Itália?
Verdadeiro, mas…
Na sequência da morte do Papa Francisco aos 88 anos, o Governo italiano decretou cinco dias de luto nacional, o mais longo alguma vez da história do país (de 22 a 26 de abril, dia em que decorre o funeral do líder da Igreja católica), revela a imprensa italiana.
O período de luto inclui, assim, o Dia da Libertação do Fascismo, que celebra este ano o seu 80º aniversário. O Governo anunciou que as cerimónias seriam permitidas “com a sobriedade que a circunstância impõe a todos”. A recomendação levou vários municípios italianos a reduzir ou a cancelar as celebrações.
“Dia 25 de abril de 2025, realizar-se-ão as cerimónias oficiais do 80º Aniversário da Libertação, de forma sóbria em deferência ao luto nacional proclamado pelo Governo pela morte de Sua Santidade o Papa Francisco”, lê-se na página oficial do Ministério da Administração Interna italiano.
Tal como em Portugal, esta posição foi motivo de críticas da parte de membros da oposição, que classificaram o governo de Meloni como “alérgico ao Dia da Libertação do Fascismo”.
Durante a manhã, o Presidente italiano Sergio Mattarella esteve em Génova, juntamente com a Primeira-Ministra Giorgia Meloni, no Altare della Patria para a deposição de uma coroa de flores por ocasião do 80º aniversário da Libertação.
Hoje, os movimentos antifascistas estarão nas ruas de Roma, Milão, Nápoles, Florença e Bolonha. Em Roma, todos os compromissos da agenda estão confirmados: primeiro, a homenagem aos mártires da Fosse Ardeatine, a procissão do Largo Bompiani até ao Parco Schuster e, em seguida, a Marcha da Libertação do Parco Schuster até à Porta San Paolo, com uma homenagem aos partisans e às mulheres partisans no Memorial da Resistência.
Apesar das recomendações, o Governo italiano manteve as celebrações do Dia da Libertação do Fascismo. No entanto, devido ao período de luto nacional, foi pedido que as cerimónias decorressem de forma “sóbria”, o que levou a críticas da oposição e ao cancelamento de alguns dos eventos. Por esta razão, atribuímos a avaliação de “Verdadeiro, mas…” à alegação em causa.
_____________________________
Avaliação do Polígrafo: