“Os brasileiros durante bastante tempo melhoraram, e muito, a parte comercial em Portugal. Mas quando se abrem as portas de forma escancarada, entram os maus elementos”. De acordo com o cabeça de lista do Chega às europeias de junho, a “criminalidade da imigração brasileira aumentou” em Portugal. No debate desta noite, transmitido na RTP3, António Tânger Corrêa recorreu mais uma vez a uma teoria que tem sido veiculado pelo seu partido: a de que com o aumento imigração há também um aumento do número de crimes. E, apesar de a presença de reclusos brasileiros estar a aumentar nos últimos anos, esta não acompanha o fluxo migratório, o que significa que não tem com ele qualquer ligação.
Desde logo porque, mostra o mais recente relatório do Observatório das Migrações, “Indicadores de Integração de Imigrantes”, da autoria de Catarina Reis Oliveira, mais 17,1% brasileiros residiam em Portugal em 2022 face a 2021, perfazendo um total 239.744 imigrantes e conseguindo, claro, o primeiro lugar como nacionalidade estrangeira mais numerosa em Portugal. Em 2018, por sua vez, havia em Portugal 105.423 brasileiros, o que resulta num crescimento de 127%.
Já nas prisões, e apesar de a imigração brasileira ter “incrementado o seu impacto nos reclusos estrangeiros”, a subida foi de uma representação de 16,7% em 2018 (326 reclusos) para os 23,8% em 2022 (452 reclusos).
Contas feitas, o aumento foi de 39% e não acompanha a chegada dos imigrantes brasileiros a Portugal. No estudo já mencionado, indica-se que “o número de reclusos estrangeiros no sistema prisional português foi diminuindo progressivamente: de 2.548 em 2011 para 1.764 em 2020 e 1.661 em 2021 (-34,8% entre 2011 e 2021, e no último ano -5,8%). Note-se que a variação verificada junto dos reclusos estrangeiros apresenta-se em contraciclo com a tendência observada para o total da população reclusa em Portugal, uma vez que neste último caso a taxa de variação foi positiva (+2% de 2020 para 2021)” e que “não se pode estabelecer uma relação direta entre a evolução da população estrangeira residente e a evolução dos reclusos estrangeiros nas prisões portuguesas”.
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