“Portugal desde 2015 até 2019 cresceu em média 2,8% ao ano, sete vezes mais do que nos 16 anos anteriores. E pela primeira vez desde o início do século nós recomeçámos a aproximar-nos dos países mais desenvolvidos da União Europeia: em 2016, 2017, 2018, 2019, 2021, 2022 e para o ano também assim vamos continuar”, declarou o primeiro-ministro António Costa, no debate parlamentar de ontem sobre a proposta de Orçamento do Estado para 2023.
Respondia ao líder da bancada parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, o qual sublinhou que “este é o Orçamento [do Estado] que continua a estagnação económica”. Nesse âmbito indicou que “entre 2016 e 2021, Portugal cresceu em termos acumulados 7%“, ao passo que “os países da coesão, aqueles que concorrem diretamente connosco e que recebem fundos europeus, cresceram em termos acumulados e em média 18%“.
Confirma-se que “Portugal desde 2015 até 2019 cresceu em média 2,8% ao ano, sete vezes mais do que nos 16 anos anteriores”?
No que respeita à taxa de crescimento real do PIB, de facto, o período entre 2016 e 2019 (formando o quadriénio do primeiro Governo do PS baseado na geringonça que tomou posse no final de 2015) destaca-se com as variações mais positivas desde 2002, quando Portugal aderiu à moeda única europeia.
A saber: +2,02% em 2016, +3,51% em 2017, +2,85% em 2018 e +2,68% em 2019. Média de 2,76%, percentagem muito próxima da que foi indicada por Costa no debate de ontem na Assembleia da República.
E depois de uma quebra substancial em 2020, ao nível de -8,25%, voltou a subir em 2021, ao nível de 5,48%, ainda assim não recuperando todo o volume perdido no primeiro ano da pandemia de Covid-19.
Entre 2002 e 2015, além de variações negativas da taxa de crescimento real do PIB em cinco anos, o maior aumento registou-se em 2007 com +2,51%. Foi a única vez, ao longo de todos esses anos, em que se superou a fasquia de +2%. No quadriénio 2016-2019, a taxa de crescimento foi sempre superior a +2% e atingiu mesmo o ponto máximo de +3,51% em 2017, um nível que já não era atingido desde o ano de 2000 (no final da década de 1990 chegou a superar a fasquia de +4%).
O aumento de 2021 foi o mais elevado desde 1990, sublinhe-se, mas importa ressalvar que a diminuição de 2020 foi a mais acentuada desde a década de 1950.
Relativamente aos 16 anos anteriores, como disse Costa, apontando para o período entre 2000 e 2015, verifica-se um crescimento acumulado de 7,15%, o que perfaz uma média de cerca de 0,44%.
Sete vezes menos do que na média entre 2016 e 2019? De acordo com as nossas contas, não exatamente, mas cerca de 6,4 vezes. Dada a proximidade, não deixamos de classificar como verdadeiro.
Quanto à comparação relativa com o conjunto dos Estados-membros da União Europeia, consultando os últimos dados do Eurostat verificamos que, no período entre 2016 e 2019, o PIB de Portugal cresceu sempre acima da média da União Europeia. Em 2016, porém, a diferença foi ínfima.
Após o interregno de 2020, Portugal voltou a crescer acima da média da União Europeia em 2021, embora a margem seja diminuta (5,5% para 5,3%). E em 2022, segundo os dados apurados até ao momento, tudo indica que voltará a crescer acima da média da União Europeia.
Esta série do Eurostat inicia-se em 2010 e, desde então, os únicos anos em que o PIB de Portugal cresceu acima da média da União Europeia foram os correspondentes ao quadriénio 2016-2019 e também em 2021.
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