- O que está em causa?No encontro com o principal adversário, Rui Rio, do PSD, o primeiro-ministro quis assegurar que tudo aquilo que estava previsto no Orçamento do Estado para 2022 vai ser executado por um novo Governo do PS, dependendo isso da maioria absoluta que tem pedido aos portugueses. Repetindo aquilo que tem feito nos últimos debates, Costa recordou os maiores feitos da sua governação, mas será que o aumento do salário médio em 25% é um deles?

Como é que as empresas conseguem pagar melhores salários? António Costa não demorou a responder à pergunta, desmontando a ideia que a direita está "sempre a repetir":
"As empresas têm conseguido suportar... Essa ideia que a direita está sempre a repetir de que se se aumenta o salário mínimo, as empresas vão à falência, o que é que nós demonstrámos nestes seis anos? É que com o aumento de 40% do salário mínimo, com o aumento em 25%, em média, do salário médio no país, a verdade é que as empresas aumentaram o investimento e aumentaram as exportações."
Quanto às exportações, o Polígrafo já verificou que Costa está quase totalmente correto. De facto, "no trimestre terminado em novembro de 2021, as exportações de bens aumentaram 9,3% e as importações cresceram 22,5% em relação ao mesmo período de 2020 (+8,8% e +18,8%, pela mesma ordem, no trimestre terminado em outubro de 2021). Comparando com o trimestre terminado em novembro de 2019, as exportações e as importações aumentaram 8,4% e 9,8%, respetivamente", destaca o Instituto Nacional de Estatística (INE) em novos dados (atualizados até novembro de 2021) sobre as exportações de bens em Portugal. Mas ainda não há dados sobre a evolução recente das exportações de serviços.
No que respeita ao salário médio, será que o primeiro-ministro foi suficientemente preciso?
Não. De acordo com os últimos dados estatísticos do INE sobre a remuneração bruta mensal média por trabalhador, nenhuma das varáveis desse indicador aumentou em 25% desde 2015.
Quando falamos em remuneração bruta mensal podemos estar a referir-nos à remuneração bruta total, à remuneração bruta regular e à remuneração bruta base (a variável agregada na Pordata, por exemplo).

Assim, de acordo com os dados do INE, a remuneração bruta total aumentou de 1.179 euros em 2015 (ano em que Costa assumiu o cargo de primeiro-ministro, mais precisamente no mês de novembro) para 1.314 euros em 2020 (último ano com dados disponíveis). Ou seja, estamos perante uma subida de 11,5%.
Quanto à remuneração bruta regular, registou um aumento de 972 euros em 2015 para 1.073 euros em 2020. Ou seja, um acréscimo de 10,4%, distante da percentagem indicada por Costa.
Por fim, no que toca à remuneração bruta base, era de 916 euros em 2015 e escalou para 1.009 euros em 2020, perfazendo um incremento de 9,2%. Mais uma vez, os dados do INE não confirmam a alegação de Costa que classificamos como falsa.
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Avaliação do Polígrafo:
