“Vou sair, mas, com todos os constrangimentos vividos, deixo trabalho feito. Contas certas, dívida diminuída, dinheiro no cofre. Nada disto encontrei quando entrei. Suportei, inflação internacional, uma pandemia, talvez a maior desde 1820”, lê-se numa declaração que está a ser atribuída ao socialista António Costa – ainda que não tenha sido por ele proferida –, numa imagem partilhada recentemente na rede social Facebook.
O mesmo “post” acrescenta um alegado agradecimento veiculado pelo Primeiro-Ministro cessante: “Com o vosso apoio e compreensão de muitos, tudo se suportou e venceu, ainda que muitos não o tenham reconhecido. Até sempre!”
Mas será que se confirmam os dados apresentados, que pretendem ilustrar o suposto legado deixado pelo Executivo de António Costa?
De facto, no que toca ao contexto mencionado na publicação analisada, confirma-se que o período de governação de António Costa ficou marcado pela pandemia de Covid-19 – considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma emergência sanitária global e cujos primeiros casos foram identificados, em território nacional, em março de 2020. Mas também por um contexto de “inflação internacional”, tendo o IHPC (Índice Harmonizado de Preços do Consumidor) ascendido aos 11,5% na União Europeia e aos 10,6% na Zona Euro em outubro de 2022, consequência da guerra na Ucrânia, segundo dados do Eurostat.
Sobre os feitos dos últimos Executivos socialistas em matéria de economia, comecemos pela análise à dívida pública. No que diz respeito à evolução do valor nominal, de acordo com os últimos dados do Banco de Portugal (BdP), a mesma cifrava-se em cerca 235,6 mil milhões de euros em novembro de 2015, quando Costa tomou posse, tendo aumentado para cerca de 270,7 mil milhões de euros em janeiro de 2024.
Porém, quanto à dívida pública em proporção do PIB, também de acordo com os últimos dados do BdP, a mesma totalizava 131,2% em 2015, tendo baixado para os 99,1% em 2023. Ou seja, apesar de ter aumentado em valor nominal, a dívida pública baixou em proporção do PIB, que é o indicador mais relevante nesta matéria.
Já no que diz respeito à expressão “dinheiro no cofre”, a mesma pode ser medida através do excedente orçamental do país. E, segundo dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), esse indicador fixou-se nos 1,2% do PIB em 2023, percentagem correspondente ao maior excedente orçamental dos últimos 50 anos.
Assim, consideramos que a afirmação que dá conta de que os Governos de António Costa deixaram um “dívida diminuída e dinheiro no cofre” após oito anos é essencialmente verdadeira, embora seja preciso notar que o valor nominal da dívida pública cresceu, como destacado anteriormente, entre final de 2015 e início de 2024.
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Avaliação do Polígrafo: