Questionado insistentemente por jornalistas sobre que dados fundamentam a interligação entre imigrantes e criminalidade, pressuposto central da manifestação de hoje no Porto – sob o mote “contra a imigração descontrolada” e “insegurança nas ruas” -, o líder do Chega acabou por indicar alguns números.
“Sabemos que a criminalidade no Porto aumentou 9% no último ano conhecido, aumentou 9% no Porto. Sabemos que a Baixa do Porto e a zona histórica do Porto têm estado sob enorme ameaça. Mas sabemos mais. Sabemos que 30% das detenções são de estrangeiros. E sabemos outra coisa. Sabemos que 20% da atual população prisional também são estrangeiros“, declarou André Ventura.
Esta alegação tem fundamento?
De acordo com o último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), referente a 2023 (pode consultar aqui), a população prisional diminuiu em 190 reclusos no ano de 2023, o que corresponde a uma redução de 1,5%.
Em linha com os números das últimas décadas, a grande maioria da população prisional continua a ser de nacionalidade portuguesa (83,3%) e sexo masculino (92,6%).
Os reclusos estrangeiros correspondem a apenas 16,7% do total da população prisional. E quase metade desses reclusos são provenientes de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), ou seja, não fazem parte das novas rotas de imigração para Portugal.
Outro elemento a ter em conta é que na Área Penal registou-se a execução de 52.428 penas, incidindo sobre 46.233 pessoas, das quais apenas 11,1% tinham nacionalidade estrangeira.
Ou ao nível das penas e medidas fiscalizadas por vigilância eletrónica em que, também de acordo com o RASI de 2023, 92% dos vigiados tinham nacionalidade portuguesa.
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Avaliação do Polígrafo: