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André Ventura propõe que Joacine Katar Moreira “seja devolvida ao seu país de origem”?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Está a espalhar-se pelas redes sociais a imagem de uma suposta publicação do líder e deputado único do Chega, no Facebook, em que propõe que "a própria deputada Joacine [Katar Moreira] seja devolvida ao seu país de origem". Verdade ou falsidade?

“Eu proponho que a própria deputada Joacine [Katar Moreira] seja devolvida ao seu país de origem. Seria muito mais tranquilo para todos… Inclusivamente para o seu partido! Mas sobretudo para Portugal”, terá escrito André Ventura, em publicação no Facebook.

A publicação do líder e deputado único do partido Chega remete para uma notícia com o seguinte título: “Livre quer que património das ex-colónias em museus seja devolvido às comunidades de origem”.

Vários leitores do Polígrafo questionam sobre a veracidade desta publicação. Confirma-se?

Sim. A publicação tem origem na página pessoal de André Ventura na rede social Facebook, partilhada em modo “público“, há cerca de uma hora. Não há dúvida quanto à veracidade da mesma.

A deputada Joacine Katar Moreira, do partido Livre (embora na iminência de perder a confiança política do partido e passar ao estatuto deputada não inscrita), quer que todo o património das ex-colónias, presente em território português, possa ser restituído pelos países de origem de forma a “descolonizar” museus e monumentos estatais.

Katar Moreira defende que o património das ex-colónias portuguesas que esteja atualmente na posse de museus e arquivos nacionais possa ser identificado, reclamado e restituído às comunidades de origem, segundo uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2020. A elaboração da lista do património a ser restituído estaria a cargo de um “grupo de trabalho composto por museólogos, curadores e investigadores científicos”.

A medida, assinada pela deputada, está inserida numa proposta que pretende implementar um programa de “descolonização da cultura” e uma “estratégia nacional para a descolonização do conhecimento“.

O país de origem e a nacionalidade da deputada do Livre têm motivado diversas fake news e demonstrações de ódio xenófobo e racista nas redes sociais. O facto é que Katar Moreira nasceu na Guiné-Bissau, mas vive em Portugal desde 1990, aos oito anos de idade, e tem dupla nacionalidade: portuguesa e guineense.

Avaliação do Polígrafo:

 

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