- O que está em causa?Há dois dias, o Polígrafo desmentia André Ventura quanto às intenções de voto de Luís Marques Mendes na última sondagem da Intercampus. Ontem à noite, no "Expresso da Meia-Noite" na SIC Notícias, o líder do Chega repetiu a falsidade e acrescentou novas variantes, garantindo que Paulo Portas teve "1,6% ou 1,7%" nesse mesmo estudo.

Quem nos últimos dias ouve falar André Ventura não fica com dúvidas sobre o descontentamento do líder do Chega face ao anúncio da candidatura à Presidência da República de Luís Marques Mendes. Ventura não se quer necessariamente candidatar ao cargo, assegura, mas está certo de que Marques Mendes não contará com o apoio do Chega se for a escolha de Luís Montenegro. O que agora se esperaria de Ventura - o anúncio de uma nova candidatura como em 2021 - ainda não chegou, mas o que é certo é que o deputado da Assembleia da República de tudo tem feito para convencer os portugueses de que os candidatos possíveis não passam o teste "sondagens".
Numa entrevista, esta quarta-feira, à CNN Portugal, Ventura desdobrou o plano de Luís Marques Mendes para avançar com uma candidatura: "O próprio Marques Mendes disse que não foi durante 16 anos a um evento do partido. Aparece porque quer ser ele, no espaço do PSD, a marcar já o espaço... Porque na última sondagem estava, se não me engano, com 1,4%." Ventura faltou à verdade: Marques Mendes recolheu 3% das intenções de voto, mais do dobro do valor indicado pelo líder do Chega.
Apesar de o Polígrafo ter corrigido o número esta quinta-feira, o líder do Chega voltou a referi-lo um dia depois, no "Expresso da Meia-Noite", na SIC Notícias. Desta vez juntou-lhe as intenções de voto de Paulo Portas, precisamente na mesma sondagem, que diz não passaram de "1,6% ou 1,7%": "Não podemos dizer que o Paulo Portas vai ter 20%... pode ter como, se na última sondagem da Intercampus está com 1,6% ou 1,7%?" Há incerteza nas palavras de Ventura, mas não a suficiente para justificar uma quebra tão significativa face aos valores reais da sondagem.
A última sondagem para as eleições presidenciais de 2026 foi divulgada a 10 de julho pelo "Correio da Manhã". De acordo com o registo depositado na página da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a sondagem foi realizada pela Intercampus entre os dias 3 e 6 de julho, através de 623 entrevistas telefónicas.
Entre as questões abordadas, a seguinte: "Se existissem agora eleições presidenciais, de todos os candidatos que lhe vou ler, em qual acha que votaria? E em qual ou quais nunca votaria?" Estas "sondagens-amigas", que catapultam nomes de não-candidatos para o plano eleitoral, ajudam a compreender não só os votos mas também a taxa de rejeição de cada nome. Marques Mendes, Paulo Portas e Gouveia e Melo estão entre os nomes propostos: o primeiro recolheu 3% das intenções de voto, o segundo 3,2% e o terceiro 7,9%.

Assim, e mais uma vez, as intenções de voto que Ventura atribui a Paulo Portas representam metade da realidade da sondagem mencionado. Sondagem esta em que Ventura soma uma taxa de rejeição de 42,5%. Ou seja, 42,5% dos entrevistados disseram que "nunca votariam" em Ventura: é a maior entre os 15 candidatos. Em intenções de votos, Ventura arrecada 11,4%, ficando em quarto lugar na tabela, atrás de António Guterres, António Costa e Pedro Passos Coelho.
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Avaliação do Polígrafo:
