O Papa Francisco ainda não tinha deixado Portugal para trás, após cinco dias de visita na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), quando André Ventura partilhou nas suas redes sociais (Facebook e X) a imagem de uma alegada notícia a relatar o desaparecimento de milhares de inscritos no evento religioso.
“Milhares de pessoas de África e Médio Oriente utilizaram a JMJ para imigrar para Portugal e outros países da Europa”, lê-se na captura de ecrã de um suposto artigo de 6 de agosto, a mesma data da publicação de Ventura. Em causa, como destacado no título, estará uma vaga de “imigração ilegal“. Na legenda do tweet o líder do Chega escreveu: “Nós tínhamos avisado. O Governo não fez absolutamente nada!”

A notícia é verdadeira?
Uma pesquisa pela informação exibida por André Ventura em motores de busca não apresenta resultados compatíveis com qualquer notícia publicada no dia 6 de agosto. O grafismo da suposta notícia é idêntico ao do site da “Rádio Renascença“, como pode verificar. No entanto, não há registo da mesma.

Ao Polígrafo, fonte oficial daquele órgão de comunicação social “desmente a publicação deste conteúdo em qualquer uma das plataformas em que a Renascença está presente”.
Acrescenta que, “do ponto de vista legal, o caso vai ser reencaminhado para os serviços jurídicos“. Já do ponto de vista editorial, “rejeita veementemente qualquer tipo de utilização e divulgação de informação falsa bem como qualquer apropriação ou manipulação de elementos gráficos da Renascença”.
Igualmente contactado, Ventura não respondeu à questão enviada pelo Polígrafo sobre a origem da imagem que partilhou nas redes sociais.
Quase 200 peregrinos cabo-verdianos e angolanos, que participavam na JMJ, em Lisboa, não compareceram na Diocese Leiria-Fátima, revelou na terça-feira passada, 1 de agosto, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A mesma fonte garantiu que apesar de não terem comparecido no local onde estavam inscritos em atividades, estavam autorizados a permanecer em território português durante o evento religioso. Um dos diáconos que acompanhou peregrinos cabo-verdianos à jornada garantiu que ninguém estava desaparecido, informando que alguns jovens optaram por ficar em Lisboa em vez de participar nas atividades em Leiria.
Em suma, o líder do Chega partilhou uma imagem manipulada com recurso ao grafismo da “Rádio Renascença”. Esta nunca existiu e, portanto, trata-se de desinformação.
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Avaliação do Polígrafo: