O primeiro a intervir na segunda parte do debate que juntou os líderes de partidos que elegeram deputados nas legislativas de 2019, André Ventura aproveitou para esclarecer a sua ideia de que os apoios sociais enfraquecem a economia do país:

"O que é importante é moralizar, para não termos quem quer fugir ao sistema, ou quem não quer fazer nada, a receber os mesmos apoios de sempre junto dos mesmos de sempre. Não tem a ver com os apoios sociais, tem a ver com o uso abusivo. Agora, é muito importante olharmos para os números, porque hoje tivemos aqui uma expressão que ficará na História, que é António Costa dizer que 'o nosso atraso económico, a História explica. Não, a História não explica. O PS é que explica."

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Depois de mencionar o facto de Portugal ter sido ultrapassado por vários países da Europa de Leste, inclusive a Checoslováquia (que de resto já não existe), Ventura disse existir uma realidade que Portugal tem hoje que enfrentar:

"Sim, é importante que haja produção. E só pode haver distribuição depois de haver produção, mas eu acho que é muito mais urgente neste momento olharmos para as famílias e para as pessoas. Nós temos em Portugal, em média, 35% de impostos sobre as famílias. Isto tem que acabar. Nós, sim, podemos baixar o IRC, mas não faz sentido. No ano passado tivemos a carga fiscal mais alta da História, 34,8% do PIB."

O líder do Chega continuou a lançar números: "Nós temos um IVA da eletricidade absurdo, pagamos a quinta gasolina mais cara da Europa. E portanto não vale a pena dizermos que sim, que temos que enfrentar as alterações climáticas. Claro que temos, mas não é a carregar no bolso daqueles que todos os dias têm que trabalhar e têm que se deslocar para trabalhar."

No que respeita à "quinta gasolina mais cara da Europa", tem razão?

De acordo com dados disponibilizados pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), e num boletim referente aos preços médios praticados na União Europeia (UE) dos 27 durante o terceiro trimestre de 2021, "Portugal situa-se na quinta posição dos países que vendem gasolina 95 simples mais cara na UE-27, sendo que o preço praticado corresponde a uma diferença de 55 cent/l e 17 cent/l face ao país com os preços mais baixos e ao país com os preços mais altos, respetivamente".

Mesmo se considerarmos os preços dos combustíveis antes de serem aplicados os impostos, Portugal continua a ocupar a quinta posição dos países que vendem este combustível mais caro na UE-27, sendo que "o preço praticado corresponde a uma diferença de 12 cent/l e 4 cent/l face ao país com os preços mais baixos e ao país com os preços mais altos, respetivamente".

Portugal apresentou, ainda, no trimestre em análise, "uma carga fiscal no preço médio de venda da gasolina 95 simples na ordem dos 59%, valor superior à média registada na UE-27 (55%), a Espanha (51%), à Alemanha (56%) e à Bélgica (57%)".

Já no que respeita ao gasóleo simples, Portugal desceu uma posição e ficou em sexto na lista de países da UE-27 onde o preço do mesmo é mais alto, "sendo que o preço praticado corresponde a uma diferença de 37 cent/l e 24 cent/l face ao país com os preços mais baixos e ao país com os preços mais altos, respetivamente". Sem impostos Portugal cai para a décima posição, descendo um lugar face ao trimestre anterior.

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