O presidente do Chega, André Ventura, confirmou a 27 de junho que o partido vai viabilizar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão do INEM proposta pelo Iniciativa Liberal (IL). Em declarações aos jornalistas, o líder do maior partido da oposição revelou que quer ser parte ativa da investigação, uma vez que o Chega já tinha proposto um inquérito ao funcionamento do serviço de emergência.
“Viabilizaremos [a CPI do IL] porque já tínhamos proposto nós próprios uma Comissão de Inquérito ao funcionamento do INEM. Portanto, é algo que foi ideia do Chega e que foi o Chega que propôs. Não podíamos agora não viabilizar. Não só viabilizaremos como seremos parte ativa dessa investigação”, apontou Ventura.
O problema é que não existe registo em meios de comunicação social sobre uma proposta do Chega neste âmbito nem está registada nenhuma entrada de pedido de inquérito parlamentar do Chega no site da Assembleia da República com este propósito definido.
Ao Polígrafo, fonte do Chega disse que André Ventura “não afirmou que já tivesse sido apresentada uma proposta de constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito aos serviços de saúde, anteriormente” e que “a intenção de apresentar um projeto de resolução que propõe a realização de uma auditoria ao setor da saúde”.
No entanto, a verdade é que o líder do Chega disse efetivamente que o partido tinha proposto uma Comissão Parlamentar ao funcionamento do INEM. Confrontado com esse facto, a fonte do Chega mudou a versão, explicando que a proposta já havia sido apresentada pelo partido no final da legislatura anterior e que André Ventura teve a oportunidade de a referir publicamente numa conferência de imprensa. No entanto, com a queda do Governo, o processo acabou por ficar “suspenso”.
O Polígrafo não conseguiu localizar a suposta proposta e a declaração de André Ventura sobre o caso.
Contactada pelo Polígrafo, a Assembleia da República confirmou que o “Grupo Parlamentar do Chega não apresentou, formalmente, nenhum projeto de inquérito parlamentar ao funcionamento do INEM”.
“Confirma-se, contudo, que requereram a realização de um debate de urgência “sobre a crise estrutural do Serviço Nacional de Saúde”, no dia 3 de junho, que não chegou a realizar-se pelas razões aduzidas no Despacho n.º 15/XVII, do PAR (anexo II da súmula n.º 1), mas esse debate não era especificamente sobre o INEM ou sobre os acontecimentos referidos no requerimento da Iniciativa Liberal”, esclareceu a AR.
Apesar de André Ventura afirmar que uma iniciativa semelhante partiu do próprio partido, a verdade é que o Chega não apresentou qualquer proposta formal nesse sentido.
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Avaliação do Polígrafo:
