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André Ventura: “Eu sou o político em Portugal com mais seguidores em todas as redes sociais, exceto no Twitter”

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Na entrevista de ontem à noite na SIC Notícias, confrontado com a partilha de imagens de "notícias" que clonam o grafismo das páginas da rádio Renascença e do jornal "Público" (mas que não têm origem nesses órgãos de comunicação social), o líder do Chega disse achar "muito estranho" que "uma notícia, por ter um tecto azul, seja para equiparar à Renascença". Na mesma intervenção garantiu que é "o político em Portugal com mais seguidores em todas as redes sociais, exceto no Twitter", desafiando o Polígrafo a conferir tal alegação.

No que respeita à polémica das “notícias” com grafismo clonado de órgãos de comunicação social (nomeadamente a rádio Renascença e o jornal “Público“), a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou esta semana que está a investigar essa situação, após ter recebido uma “denúncia relacionada com a matéria”.

De qualquer modo, na entrevista de ontem à noite na SIC Notícias, André Ventura (que partilhou essas imagens de “notícias” nas redes sociais, a par das páginas oficiais do partido Chega) assegurou que “a notícia não é falsa”, negou qualquer manipulação ou clonagem e, pelo meio, disse achar “muito estranho” que “uma notícia, por ter um tecto azul, seja para equiparar à Renascença”.

Nesse sentido, argumentou:

“Mas o Chega precisa de imitar a Renascença para quê? O Chega é o partido em Portugal que tem mais alcance de redes sociais. Eu sou o político em Portugal com mais seguidores em todas as redes sociais, todas as redes, exceto no Twitter. Olhe, o Polígrafo, amanhã, pode ir ver isso. O político com mais seguidores em todas as redes exceto no Twitter. Temos o maior alcance. Por que diabo é que nós tínhamos que ir pôr o template da Renascença? Ou o template de outro órgão qualquer?”

Estando a questão do template a ser investigada pela PGR (e analisada pela ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social), aceitamos o repto lançado pelo líder do Chega para verificar a alegação sobre o número de seguidores nas redes sociais.

Começando pelo Facebook, ao passo que Ventura conta com mais de 275 mil seguidores, António Costa (PS) não vai além de 106 mil. Luís Montenegro (PSD) está a grande distância com apenas 10 mil, enquanto Rui Rocha (IL) e Mariana Mortágua (BE) mantêm contas pessoais com limitação de 5 mil amigos.

Quanto a Paulo Raimundo (PCP), confessou recentemente que prefere utilizar “WhatsApp e Telegram”. No campeonato dos deputados únicos, Rui Tavares (L) supera Inês de Sousa Real (PAN) em mais do dobro: 15 mil vs. 7 mil. Mesmo fora do Parlamento, Nuno Melo (CDS-PP) não dispensa a presença no Facebook onde mantém 28 mil seguidores (registo superior ao da maior parte dos líderes de partidos com representação parlamentar).

Em publicação nas redes sociais, o partido liderado por André Ventura destaca que terá sido o que "mais produziu" na presente sessão legislativa, com um total de 169 iniciativas, a grande distância do Iniciativa Liberal (92 iniciativas) e do PSD (58 iniciativas). Esta alegação tem fundamento?

No Instagram, Ventura também lidera com mais de 234 mil seguidores. Costa acumula 134 mil, muito acima de Montenegro que tem pouco mais de 6.500 seguidores. Rocha chega aos 3.700 e Mortágua ascende a mais de 31 mil. De Raimundo não há vestígio, enquanto Tavares atinge mais de 14 mil e Sousa Real fixa exatamente 7.372 seguidores (até à hora de produção deste artigo, ressalve-se). Melo é seguido por 6.282 instagrammers no total.

O Twitter (ou X?) é a “exceção” à regra, tal como admitiu logo Ventura que tem menos de metade dos seguidores – quase 133 mil – em comparação com Costa – mais de 308 mil. Tavares alcança 98 mil, Montenegro não vai além de cerca de 13 mil e Sousa Real limita-se a 7 mil.

Por sua vez, Rocha tem o seu melhor registo nesta plataforma (onde guarda um passado repleto de frases truculentas), com quase 23 mil seguidores. Raimundo anda mais pelo Telegram (criado por dois irmãos russos originários da antiga Leningrado), enquanto Melo – que sempre foi muito ativo nesta rede social, onde difunde o trabalho realizado como eurodeputado – preserva 18 mil seguidores.

O líder do Chega publicou nas redes sociais uma notícia falsa com o grafismo da rádio Renascença, prontamente sinalizada pelo Polígrafo. Entretanto, questionado pela Renascença, Ventura não esclareceu qual a origem da publicação e não a apagou. O jornal "Público" queixa-se de uma situação idêntica que, aliás, tem sido recorrente. O Polígrafo compila 10 exemplos recentes.

Avançando para o relativamente neófito TikTok, também é Ventura quem impera, com quase 112 mil seguidores. Nesta plataforma, contudo, o líder do Chega ganha sobretudo por falta de comparência dos adversários: Sousa Real tem cerca de 7 mil seguidores e, de resto, não encontramos mais líderes partidários. Há porém um autarca com muitos “fiéis” no TikTok: Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, já tem mais de 12 mil seguidores.

Aliás, entre os políticos que não são líderes de partidos (e ressalve-se aqui que Marcelo Rebelo de Sousa não tem presença oficial nas redes sociais), Moedas é o que apresenta melhores resultados neste indicador: 36 mil seguidores no Facebook, 48 mil no Instagram e 82 mil no Twitter. Números muito superiores aos do líder Montenegro.

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Avaliação do Polígrafo:

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