André Ventura citou esta tarde o presidente da Distrital de Braga do Chega, deputado Filipe Melo, em entrevista à SIC Notícias, sobre a presença de indostânicos em Portugal. O líder do Chega referiu que, “em algumas cidades, como Braga, 30% da população é imigrante. Muita dela uma imigração vinda da zona do Indostão”. Afirmação é falsa nas duas vertentes.
Segundo dados de 2022 (últimos disponíveis) do relatório do Observatório das Migrações, a população estrangeira residente no país inteiro, nesse ano, era de 781.915. No mesmo período, e “mantendo a tendência de incremento dos últimos anos”, todos os distritos aumentaram a sua população estrangeira residente, “com as maiores taxas de variação positiva a verificarem-se nos distritos de Bragança (+23%), de Viana do Castelo (+22,4% de residentes estrangeiros), de Castelo Branco (+20,1%), do Porto (+19,8%), de Braga (+19,1%), de Aveiro (+16,2%), de Setúbal (+15,4%) e de Viseu (+15,2%)”, refere o documento.
No distrito de Braga, havia em 2022 um total de 28.127 estrangeiros residentes. Contas feitas, e tendo em conta a população distrital de 846.515 habitantes, os estrangeiros representavam apenas 3,3% da população total, um valor tão baixo que não entra sequer para a lista de distritos com maior número de estrangeiros residentes em 2022.
O mesmo acontece com a cidade: para estes cálculos, temos que recuar a 2021 e aos dados estatísticos do SEF, que mostram que o concelho de Braga acolhia nesse ano um total de 12.722 estrangeiros. Face à população total (192.494 habitantes), a percentagem era de apenas 6,6%.
Mesmo que a população estrangeira na cidade tenha crescido ao ritmo do distrito (19,1%), os imigrantes seriam apenas 15.151, ou seja, uma percentagem de 7,9% no total de residentes, ainda muito longe dos 30% apontados por Ventura. Mas há mais: o líder do Chega disse que muita desta imigração vinha do “Indostão”. Os factos mostram o contrário: é do Brasil (7.774), de Itália (980), da Ucrânia (443), de Angola (415), da China (328), da Roménia (327), de Espanha (318) e de vários outros países que chegam a maior parte dos imigrantes.
A Índia surge no quadro com apenas 91 estrangeiros residentes em Braga, o Bangladesh com 17, o Paquistão com 33 e o Nepal com 84, contrariando por completo a afirmação de Ventura.
Por fim, os únicos municípios em Portugal onde a população estrangeira residente ultrapassa os 30% da população total (em 2022) são: Vila do Bispo, Odemira, Albufeira, Aljezur e Lagos.
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