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Chega defende regime de exclusividade de deputados mas André Ventura acumula salário de consultor privado? (ATUALIZADO)

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Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Num meme partilhado numa página de Facebook denuncia-se que André Ventura estaria a acumular o salário de deputado com o de consultor privado e comentador da Cofina, violando o que defende no programa do seu partido. Confirma-se?

“André Ventura acumula salário de deputado com o de consultor da Finparter S.A. e de comentador da Cofina. O líder do CHEGA apresentou-se a votos com um programa eleitoral que defendia a ‘obrigatoriedade da exclusividade no exercício do mandato de deputado’, mas não a pratica”, destaca-se na publicação em causa.

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“André Ventura acumula o salário de deputado da Assembleia da República com os vencimentos que recebe da Finpartner, uma consultora de contabilidade e fiscalidade, e da Cofina, onde é comentador. Uma vergonha. Como é que é possível defender uma coisa e praticar o seu contrário?”, conclui-se.

Confirma-se? Verificação de factos.

No programa com que o Chega concorreu às legislativas de outubro de 2019 não está presente qualquer medida que defenda a exclusividade no exercício do mandato de deputado. Contudo, no Manifesto Político do partido, que se intitula “70 Medidas para Reerguer Portugal” pode ler-se no separador referente à Justiça, alínea 15: “Implementar a obrigatoriedade da exclusividade no exercício do mandato de deputado”.

Na página de André Ventura do site do Parlamento, no separador “Registo de Interesses” pode ler-se que o deputado pelo Chega acumula, em conjunto com a função de deputado, duas outras atividades profissionais: comentador na Cofina Media S.A. (desde 2014) e consultor na Finparter S.A, uma empresa de consultoria, contabilidade e fiscalidade (desde 2019).

O Polígrafo contactou o deputado pelo Chega!, que sublinhou que nega qualquer contradição: “Sempre disse em todas as entrevistas que dei que me ia manter como comentador, e que ia manter a minha atividade na televisão”.

“Disse isso nas eleições, defendi isso sempre. O programa do partido foi aprovado e definido muito antes das eleições e  eu disse sempre, ao Conselho Nacional, à Direção e à imprensa, que não concordava e que não iria exercer o mandato com exclusividade. Primeiro porque fica mais caro para o erário público – paga-se mais aos deputados com exclusividade. E segundo, porque me iria manter na televisão. Disse isso desde sempre, não é novidade nenhuma”, destacou.

O Polígrafo contactou o deputado pelo Chega!, que sublinhou que nega qualquer contradição: “Sempre disse em todas as entrevistas que dei que me ia manter como comentador, e que ia manter a minha atividade na televisão”.

 

Em suma, apesar de constar no programa do Chega a defesa do regime de exclusividade dos deputados, André Ventura garante ter assumido a sua discordância à Direção do partido por ficar “mais caro para o erário público”. Ou seja, não se revê na medida em causa, ao contrário do que a publicação sob análise faz crer.

Atualização: depois da publicação deste fact-check, um leitor fez-nos chegar um vídeo de uma entrevista televisiva à Kuriakos TV, a 3 dias das eleições legislativas de 2019, em que André Ventura efetivamente garante que se for eleito ficará em exclusividade da Assembleia da República. A partir dos 59s do vídeo, Ventura afirma: “Sim, eu vou estar em exclusividade porque tenho de dar o exemplo; não pode ser só falar.”.Em função desse facto, o Polígrafo atualizou a avaliação, passando de “Verdadeiro, mas…” para “Verdadeiro”. Fiquem com o vídeo:

[facebook url=”https://www.facebook.com/chegadeventura/videos/vb.103859117786035/2225205857786052/?type=2&theater”/]

Avaliação do Polígrafo:
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