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André Ventura acusa Hugo Soares: PSD disse “não é não” mas agora admite que já tentou três acordos com o Chega?

Política
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Num vídeo partilhado esta manhã no Instagram, o líder do Chega ataca Hugo Soares, depois de o líder parlamentar do PSD ter afirmado, na noite de 3 de maio, que o PSD quis fazer pelo menos três acordos com o partido de André Ventura, mesmo depois do "não é não". Confirma-se?
© João Relvas/Lusa

“Diziam que não havia acordos com o Chega mas, quando lhes convém, já existem acordos com o Chega! Afinal em que ficamos? Portugal precisa de políticos sérios! Connosco não contem para brincar com a cara dos portugueses!”, escreveu esta manhã, na sua conta pessoal de Instagram, o líder do Chega, André Ventura, motivado pelas declarações virais de Hugo Soares na passada noite de sexta-feira.

A formar painel com Filipe Melo (Chega) e Alexandra Leitão (PS), Hugo Soares afirmou, no programa “Expresso da Meia-Noite”, que existiram três tentativas de entendimentos com o Chega. Ventura aponta incongruência ao deputado, que em dezembro dizia que não ia governar com o apoio do Chega nem fazer uma coligação pré-eleitoral. É verdade?

19 de dezembro de 2023

A menos de três meses das eleições legislativas, o futuro líder parlamentar do PSD dizia, na CNN Portugal, a propósito de declarações recentes de Pedro Passos Coelho sobre uma possível aliança entre Chega e PSD, que “quando se diz ‘não é não’ não há duas maneiras de dizer. Nós não vamos nem governar com o apoio do Chega nem vamos fazer uma coligação pré-eleitoral com o Chega. Por uma razão: o PSD não está disponível para governar com partidos populistas, imaturos e impreparados, seja na extrema-direita, seja na extrema-esquerda. Que nenhum português tenha dúvida: nós dizemos que não é não.”

3 de maio de 2024

Quase cinco meses depois, na SIC Notícias, à pergunta sobre se os sociais-democratas não se sentaram com PS e Chega para negociar um projeto para as portagens, Hugo Soares respondeu: “Isso é perfeito. É que eu, no Parlamento, comprometi-me, desde o primeiro dia, face à maioria parlamentar que existe, a negociar e a falar com todos os partidos. É isso que tenho procurado fazer. Quando foi do IRS (…) falei com o partido Chega e fiz um entendimento. O partido aceitou uma proposta que eu lhes fiz e que, passado meia hora, voltou atrás e que já não aceitou. Com as portagens foi exatamente a mesma coisa, mas ainda com uma nuance maior. É que a proposta é do PS. O partido do sr. deputado que está aqui à minha frente entendeu dar entrada de um projeto de resolução, acordado comigo, para aproximar as posições. Durou cinco ou seis horas esse entendimento porque mudou outra vez a opinião.”

Hugo Soares até fez as contas sozinho. E as suas declarações comprovam a teoria de Ventura: “Com o partido Chega, é a terceira vez em três semanas que há um entendimento que dura meia hora, um dia ou 45 minutos. Foi com o presidente da Assembleia da República, foi o acordo parlamentar sobre o IRS e depois o projeto de resolução das portagens. Acha que é possível confiar na palavra de alguém? Não é possível.”

No entanto, é também verdade que, no final de março, já depois das eleições, Soares não escondia que queria entender-se com todos os partidos. Mesmo sem acordos de governação. “Temos uma responsabilidade que é governar”, disse o social-democrata em entrevista à CNN. “Temos a competência e a responsabilidade de dialogar com todas as forças partidárias, em especial com o Partido Socialista”, completou.

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