“Informações para todos: a Covid-19 é imune a organismos com um pH maior do que 5,5. Precisamos de consumir mais alimentos alcalinos que nos ajudem a aumentar o nível de pH, para combater o vírus”, destaca-se na mensagem da publicação.
Nesse sentido apresentam-se depois exemplos de vários frutos com supostos pH alcalinos: “Limão – 9,9 pH; Abacate – 15,6 pH; Alho – 13,2 pH; Manga – 8,7 pH; Tangerina – 8,0 pH; Abacaxi – 12,7 pH; Laranja – 9,2 pH”.
“Não guarde essas informações apenas para você. Passe para toda a sua família e amigos. Tome cuidado e Deus te abençoe”, conclui-se. E, de facto, a imagem desta publicação tem sido partilhada por milhares de pessoas nas redes sociais.
A informação difundida é verdadeira ou falsa?
Trata-se da adaptação para língua portuguesa de uma publicação que tem circulado em várias outras línguas nas redes sociais e, geralmente, baseia-se em dados de um estudo publicado no ano de 1991 no “Journal of Virology”, uma revista científica norte-americana. Diversos sites publicaram conteúdos baseados nesse estudo e entretanto a informação saltou para as redes sociais, em publicações sobre a pandemia do novo coronavírus.
O estudo é autêntico, mas não faz qualquer referência à Covid-19 ou ao novo coronavírus, na medida em que não existiam na altura em que foi elaborado e publicado. Na verdade, o estudo incidia sobre um coronavírus tipo 4 (ou MHV4) e propunha analisar o que acontece no momento em que as células dos ratos com pH entre 5.5 e 8.5 são infetadas com o vírus.
Importa também salientar que a escala da publicação sob análise não está correta. A escala de pH, criada pelo bioquímico dinamarquês Soren Sorensen, funciona de zero a 14: menor que sete significa que um dado alimento tem um pH ácido, igual a sete neutro e superior a sete alcalino. Ou seja, os dados do abacate (15,6) estão errados. Além disso, os valores do pH não são fixos mas sim aproximados. Os do abacate, por exemplo, situam-se entre os 6,3 e 6,6. Logo, tem um pH ácido e não alcalino, ao contrário do que se sugere na publicação.
A ideia de que possam existir alimentos que fortaleçam o sistema imunitário tem sido amplamente difundida nas redes sociais, mas não é correta. António Vaz Carneiro, médico especialista em Medicina Interna, explicou ao Polígrafo que “o sistema imunitário é estável na maior parte dos doentes, a não ser que este tenha alguma doença que o diminua. É habitualmente muito eficaz e não precisamos de o estimular. Temos toda a capacidade na nossa medula óssea de gerar os anticorpos necessários para o nosso dia-a-dia”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é: