“Os ladrões de carros têm um novo truque: se vires uma moeda presa na maçaneta da porta do passageiro do teu carro, precisas ‘agir imediatamente’”, diz-se num post partilhado no Facebook no dia 9 de maio. O autor da publicação prossegue na explicação desta “nova técnica”: “Se um motorista abre seu carro pela manhã e porque conduz sozinho – não olha para a porta do passageiro, ele está indo embora. Se ele trancar o carro novamente e sair, na verdade, ele permanece destrancado. Porquê? Porque a moeda deve bloquear o mecanismo de fecho central”.
Mas será que uma moeda pode mesmo bloquear o sistema de bloqueio central das fechaduras?
O coordenador de mobilidade da DECO Proteste, Alexandre Marvão, garante ao Polígrafo que “há muitas circunstâncias que tornam isto praticamente inviável”. O especialista começa por dizer que quando se fecha o veículo com a chave, ouve-se um “clique” e, se por algum motivo uma das portas está mal fechada, ouve-se um som diferente.
No que diz respeito à presença da moeda no puxador da porta, Marvão diz que “principalmente neste tipo de carro, a moeda colocada no fecho aberto não é suficiente para que a porta abra, é preciso fazer o gesto de puxar o fecho todo para trás. E mesmo que o faça, quando se liga o carro ou se arranca, o carro soa um alarme que indica que uma das portas está mal fechada. É preciso ser muito distraído para que esta situação ocorra”.
O especialista da DECO explica que existem vários sistemas mas, de uma forma geral, mesmo nos automóveis mais antigos, há sempre um sinal de alerta quando alguma das portas está mal fechada, nem que seja quando se está a conduzir. “O que a pessoa tem de fazer é estar atenta, não por estar lá a moeda ou não, mas sim por uma questão de segurança. Não convinha andar com uma porta mal fechada e deve-se confirmar se o carro ficou bem fechado, ou seja, estar atento aos barulhos de fecho. Estes são os cuidados de utilização que todos devem ter, independentemente de estarem a tentar assaltar o carro ou não”, conclui.
Contactada pelo Polígrafo, a Polícia de Segurança Pública (PSP) garante que, “até ao presente momento, não recebeu qualquer denúncia de crime, consumado ou tentado, por intermédio deste método”. Tal como já foi referido pelo especialista da DECO, a PSP também reforça que esta técnica é difícil de se concretizar “pois, na grande maioria dos veículos, havendo um impedimento para fechar uma das portas, o sistema centralizado alerta o utilizador, usualmente acionando simultaneamente os trincos de todas as portas, produzindo um ruído pouco habitual”.
Mesmo que a Polícia de Segurança Pública não tenha conhecimento de nenhuma situação semelhante à descrita no post, não deixa de apelar para que todas as possíveis vítimas de crime “tentado ou consumado, e todas as pessoas que testemunhem práticas criminais informem a PSP, que se encontra permanentemente disponível para receber essa informação e desencadear a consequente investigação”.
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Avaliação do Polígrafo: