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Alerta na Bélgica: governo recusa rede 5G por questões de “saúde pública”. Verdade?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Sim, verdade. O Executivo belga recusou que seja implementada em Bruxelas a rede 5G. Segundo a ministra do Ambiente, trata-se de uma questão de saúde pública: "Os habitantes de Bruxelas não são ratinhos da índia cuja saúde pode ser vendida em troca de lucro", afirmou.

Uma nova rede de telemóveis e internet mais rápida e eficaz. É essa a promessa da quinta geração dos sistemas wireless que fornecem dados aos nossos telemóveis, portáteis e gadgets tecnológicos. A Comissão Europeia pretende que todos os estados-membros disponham de redes 5G até ao final de 2020, seguindo o Plano de Ação 5G para a Europa. Mas nem todos aceitam: o governo belga, por exemplo, recusou a aplicação destas novas tecnologias em Bruxelas.

A ministra do Ambiente, Céline Fremault, justificou a decisão argumentando que a rede 5G tem impacto negativo na saúde da população. “Eu não posso dar as boas vindas a esta tecnologia se os padrões de radiação, que devem proteger os cidadãos, não forem respeitados, seja o 5G ou não”, disse ao jornal belga “Bruzz”. “Os habitantes de Bruxelas não são ratinhos da índia cuja saúde pode ser vendida em troca de lucro. Não podemos deixar nada à sorte”, reforçou.

A legislação belga impõe uma radiação máxima de 6 volts por metro – o que já causou problemas aquando da implementação da rede 4G na capital. Ao recusar agora a execução do plano europeu, o Executivo “empurra” a responsabilidade de lidar com o assunto para a próxima legislatura – ou seja, embora haja uma posição de princípio, o tema está longe de estar fechado do ponto de vista da decisão política.

Telemovel

Os campos eletromagnéticos que transportam a informação wireless para os dispositivos sempre foram tema de discussão. Muitos acreditam que há uma relação entre a exposição às radiações e o aparecimento de cancro. Já em 2006, quando a Comissão Europeia fez uma sondagem sobre os campos eletromagnéticos – desenvolvida pelo Eurobarómetro e publicada em junho de 2007 – 28% dos cidadãos europeus consideravam que os postes de rede móvel representavam um potencial risco para a saúde, sendo que a maioria identificava a os telemóveis como a principal fonte de campos eletromagnéticos (71%).

Quando questionados sobre a preocupação dos potenciais riscos de saúde associados aos campos eletromagnéticos, 48% dos europeus disseram estar “muito preocupados” ou “bastante preocupados”.  Em Portugal, 49% dos que responderam ao questionário mostraram-se apreensivos.

No caso português, a rede 5G deverá chegar já no próximo ano. Em março de 2019 a empresa chinesa Huawei mostrava-se “determinada em continuar a trazer para Portugal as tecnologias e os produtos mais inovadores, incluindo a tecnologia 5G, que lidera em todo o mundo”, garantiu a multinacional à Agência Lusa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, “não foi contestado que os campos eletromagnéticos acima de um certo nível desencadeiem efeitos biológicos. Experiências com voluntários saudáveis indicam que a exposição de curta duração aos níveis presentes no ambiente ou em casa não causam aparentes efeitos prejudiciais. A exposição a níveis mais altos que podem ser nocivos estão restritas por guias nacionais e internacionais”. Apesar de haver estudos diversos sobre o assunto, não é assumido pelas organizações internacionais que as radiações utilizadas pelos aparelhos domésticos – como telemóveis e portáteis – sejam prejudiciais à saúde.

No caso português, a rede 5G deverá chegar já no próximo ano. Em março de 2019 a empresa chinesa Huawei mostrava-se “determinada em continuar a trazer para Portugal as tecnologias e os produtos mais inovadores, incluindo a tecnologia 5G, que lidera em todo o mundo”, garantiu a multinacional à Agência Lusa.

A parceria entre Portugal e a Huawei gerou preocupação em alguns parceiros, particularmente nos Estados Unidos devido à suposta influência do governo autoritário chinês na gestão da empresa. Também a União Europeia apelou aos estados-membros que considerassem os riscos envolvidos na negociação antes de entregar a rede 5G a empresas chinesas.

O presidente-executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, afirmou à agência Lusa, na mesma data, que a Huawei é “um parceiro estratégico” que tem “estado à altura daquilo que são os seus desafios”, garantido que a empresa portuguesa de telecomunicações não tem “qualquer suspeita de qualquer tipo de atuação menos rigorosa por parte da Huawei”.

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