- O que está em causa?No início deste ano, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, terá garantido que "não há insegurança na Madeira" e relativizado o problema da criminalidade. Mas entretanto soube-se que "a região registou, em 2022, a maior subida do país e o número mais elevado de casos dos últimos 11 anos".

Num post no Facebook, datado de 17 de abril, destaca-se que a criminalidade violenta e grave cresceu mais na Madeira do que no resto do país. "A região registou, em 2022, a maior subida do país e o número mais elevado de casos dos últimos 11 anos. PSP fez mais de 1.300 detenções, um aumento de 95%", alega-se na legenda.
Na imagem da publicação são exibidas duas citações. A primeira, de 24 de janeiro de 2023, é atribuída a Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, que terá relativizado a criminalidade, mantendo nessa altura a "convicção de que não há insegurança na Madeira, nem sequer no Funchal". Na segunda, de 16 de abril de 2023, lê-se: "Região registou, em 2022, a maior subida do país e o número mais elevado de casos nos últimos 11 anos. PSP fez mais de 1.300 detenções, um aumento de 95%."

A citação atribuída a Albuquerque é verdadeira. Realizou estas afirmações pela primeira vez a 14 de novembro de 2022. Na altura, mantinha a convicção de que "não há insegurança" no Funchal e admitia que alguns casos ocorridos pudessem gerar insegurança psicológica. Assegurando, no entanto, que "não há um clima de insegurança ou de alta criminalidade na Madeira".
Na versão em papel do "Diário de Notícias da Madeira", de 25 de janeiro de 2023, destacam-se as alegações proferidas pelo presidente do Governo Regional no mesmo sentido. "Sensação de insegurança ou de desconforto não se pode confundir com insegurança ou com o aumento da criminalidade", garantiu. Na altura, Albuquerque insistia que os índices de criminalidade na Madeira eram "diminutos" ou mesmo "residuais". Na sua opinião essa falsa sensação tem sido motivada pelas "situações degradantes de pessoas na rua", embora considere que tal realidade não configura "violência, furtos e roubos", estas sim, práticas que configuram insegurança.
Há que destacar que ao tempo das declarações ainda não tinha sido publicado o Relatório Anual de Segurança Interna 2022, que pode consultar aqui. De facto, os dados relativos à criminalidade violenta e grave participada colocam a Madeira enquanto região em que as participações mais aumentaram em 2022, foram 269. Uma subida de 52% relativamente a 2021, ano em que se registaram 177 registos deste tipo de crime.

Já em relação à informação de que a PSP fez mais de 1.300 detenções na região autónoma, um aumento de 95%, esta foi avançada pelo "Diário de Notícias da Madeira", a 16 de abril. Este dado não está disponível no relatório citado, mas o comandante da PSP na Madeira, Luís Simões, já tinha alertado em janeiro para a "crescente proatividade da PSP", ao desvendar que "os números de detenções [no ano de 2022] por crimes rodoviários, crimes de tráfico de estupefacientes, e crimes de violência doméstica" iriam aumentar bastante. Mas assinalou o facto como positivo: "É sinal de que estamos mais proativos e a exercer o nosso trabalho."
Em conclusão, é verdade que Miguel Albuquerque "relativizou" a criminalidade violenta na Madeira em janeiro de 2023. Também é verdade que dados referentes à criminalidade violenta e grave em 2022 revelaram, de facto a maior subida do país. Nota-se, porém, que quando realizou as alegações citadas, o presidente do Governo Regional ainda não tinha conhecimento destes dados.
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