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Agente da CIA confessou homicídio de Marilyn Monroe?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Estava à beira da morte quando admitiu que cometeu uma série de homicídios a mando do governo norte-americano, entre eles o de Marilyn Monroe. A revelação, chocante, foi originalmente publicada num site, mas já foi partilhada, só no Facebook, 128 mil vezes. Significa isto que 56 anos depois da morte da estrela de cinema norte-americana chegam ao fim as especulações e o mistério em torno do seu desaparecimento?

O caso viu a luz do dia num artigo publicado no site World News Daily Report. O título do texto não deixa margem para dúvidas — «Agente da CIA reformado confessa, quando está a morrer: ‘Eu matei a Marilyn Monroe» —, ainda assim, o corpo da notícia dá mais detalhes sobre a história: «Um oficial reformado da CIA, Normand Hodges, fez uma série de revelações surpreendentes, desde que entrou na segunda-feira no hospital de Sentara. Diz que cometeu 37 homicídios a mando do governo americano, entre 1959 e 1972, incluindo o da atriz e modelo Marilyn Monroe.

Hodges, que trabalhou para a CIA durante 41 anos, diz que foi frequentemente contratado como assassino pela organização, para matar indivíduos que poderiam representar um perigo para a segurança do país. Treinado tanto como atirador, como especialista em artes marciais, Hodges diz que também tem experiência significante com métodos invulgares de inflingir danos aos outro, como venenos e explosivos». A acompanhar o texto, há uma fotografia de um homem entubado, deitado numa cama, algemado.

Muitos pensarão que se esta história for verdade, é, de facto bombástica. Mas não é. E para perceber o que se passa basta visitar o site do World News Daily Report. No fundo da página, surge um aviso que não permite que ninguém saia dali equivocado: «O World News Daily Report assume toda a responsabilidade pela natureza satírica dos artigos e pela natureza ficcional do seu conteúdo. Todas as personagens que aparecem nos artigos deste site —até aquelas baseadas em pessoas reais — são inteiramente ficcionadas, e qualquer semelhança entre elas e uma pessoa, viva, morta ou morta-viva, é um milagre puro». Portanto, nada do que surge no site éverdade, o que significa que a história do agente da CIA e da confissão do homicídio de Marilyn Monroe é, também, falsa.

cia

O site de verificação de factos Lead Stories alerta no mesmo sentido: o site é uma página de humor, especializada em publicar embustes e histórias inventadas. Além disso, há alguns meses, a página criou um novo cabeçalho, onde também deixa muito claro que o conteúdo da página é ficção: «World News Daily Report — onde os factos não importam».

O Lead Stories revela ainda que o site satírico utiliza frequentemente fotografias de pessoas reais, retiradas de outros órgãos de comunicação social, para ilustrar as histórias falsas. No caso da imagem que ilustra o agente da CIA que confessou o homicídio de Marilyn Monroe, ela corresponde a Michael Tyrrell, um homem que foi algemado no dia anterior à morte. Além disso, a história é velha, já foi publicada em 2015.

Marilyn Monroe morreu aos 36 anos, em 1962. Foi uma das mulheres mais icónicas do século XX. Símbolo da sensualidade feminina, foi encontrada morta na sua casa, depois de ter sofrido uma overdose com comprimidos. A morte foi considerada um provável suicídio, embora haja várias teorias de que a estrela de cinema foi assassinada.

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