“A UNRWA (ONU) parece estar de luto pela morte de Yahya Sinwar. Todas as contas da UNRWA adicionaram uma faixa preta ao seu perfil”, lê-se numa publicação partilhada recentemente no Threads, que classifica os membros da Agência da ONU de apoio aos refugiados da Palestina como “apoiantes e facilitadores do terror”.
A acompanhar a alegação, surge uma imagem que apresenta aquelas que serão as imagens de perfil, na rede social X, de diferentes páginas associadas à UNRWA: mais concretamente, o logótipo da agência, exibindo uma faixa preta.
Mas será que se confirma que este “laço negro” foi acrescentado ao logótipo da agência como forma “de luto” pela morte do líder do Hamas, confirmada pelo grupo militante islâmico em meados de outubro deste ano?
Não. Recorrendo à ferramenta “Wayback Machine” verifica-se que a faixa preta já consta do logótipo azul e branco desta agência da ONU, na sua conta oficial no X, desde, pelo menos, 19 de outubro de 2023. Algo que aconteceu, assim sendo, apenas alguns dias após o ataque levado a cabo pelo Hamas sobre território israelita, a 7 de outubro de 2023. Portanto, cerca de um ano antes de ser declarado o óbito de Yahya Sinwar.
Além disso, Juliette Touma, diretora de Comunicação da UNRWA, ofereceu, por via de uma publicação no X, a 18 de outubro, mais algum contexto sobre a adição da faixa preta ao logótipo da agência. Segundo explicou, a iniciativa teve início, de facto, em outubro de 2023, momento em que se atingiu um “marco muito triste”: 20 membros da equipa já teriam perdido a vida na sequência das investidas militares em Gaza.
“Para prestar uma homenagem simbólica, adicionamos uma fita preta ao nosso logótipo nas redes sociais. Mantivemo-lo desde então, pois o número de mortos continuou a crescer. Hoje, 230 membros da equipa foram mortos: amigos e colegas”, acrescentou Juliette Touma.
Ou seja, é falso que a colocação da faixa preta sobre o logótipo da UNRWA tenha acontecido como forma de luto pela morte do líder do Hamas, tal como constataram também outras plataformas de fact-checking internacionais (aqui e aqui). É impossível que assim fosse, visto que a iniciativa simbólica teve início um ano antes da morte de Yahya Sinwar.
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