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Adesivos de emagrecimento fazem perder peso de forma rápida?

Sociedade
Este artigo tem mais de um ano
O que está em causa?
Os adesivos de emagrecimento são publicitados como uma forma rápida e eficaz de perder peso. Segundo várias publicações das redes sociais, estes produtos têm a capacidade de estimular o metabolismo, expulsar toxinas, queimar gordura e suprimir o apetite. É verdade?

Perder peso pode ser mais difícil para umas pessoas do que para outras. Por isso, quando surge uma “nova técnica” que promete uma grande perda de peso em pouco tempo e sem esforço, há quem adira a essa moda sem pensar nas consequências. Exemplo disso são as várias publicações nas redes sociais a incentivar à compra de “adesivos de perda de peso”, também intitulados de “adesivos de emagrecimento” (“slim patch”, em inglês).

Segundo um post do Facebook, estes produtos são feitos com “ingredientes naturais”  e aceleram a  queima de “gorduras, hidratos de carbono e açúcares que causam o excesso de peso”. É verdade?

A eficácia dos adesivos de emagrecimento está comprovada cientificamente?

Não existe evidência científica  a comprovar a eficácia dos adesivos de emagrecimento. Quem o garante ao Viral é a diretora clínica do Centro de Inovação Médica (CIM), Rita Fontes de Oliveira, médica especialista de Medicina Geral e Familiar e responsável pelo Plano de Obesidade do CIM.

Segundo Rita Fontes de Oliveira, grande parte destes adesivos são considerados “suplementos alimentares”, que têm na sua composição “oligoelementos e vitaminas”, por exemplo.

Além disso, “não são submetidos às normas e aos ensaios clínicos necessários numa candidatura para um fármaco”. Logo, “nem sequer são aprovados pelo Infarmed”, realça.

Aliás, os adesivos de emagrecimento são comercializados, sobretudo, na internet “em diferentes marcas, cada uma com diferentes componentes”.

Os adesivos de emagrecimento funcionam?

“Não há estudos que comprovem a sua eficácia na perda de peso”, sublinha a especialista que considera “discutível” a forma como este suplemento alimentar é “entregue ao organismo”.

Tendo em conta que este adesivo “não é considerado um dispositivo médico”, não há dados que provem que o produto “entregue ao corpo”, através da pele, as quantidades de componentes que promete.

Noutro plano, também não se sabe se as substâncias libertadas em conjunto “têm algum efeito ou não”. A diretora clínica do CIM sublinha que “já existem alguns estudos dos componentes individualizados, mas não em associação”.

Estes adesivos de emagrecimento pode ser perigosos para a saúde?

Da mesma maneira que a ciência desconhece os potenciais efeitos positivos destes adesivos de emagrecimento, também não se sabe se estes produtos podem representar um perigo para a saúde.

No entanto, argumenta Rita Oliveira, a utilização de suplementos alimentares nas suas várias formas não deve ser visto como algo inofensivo.

“Não se pode passar a mensagem de que os suplementos alimentares constituem sempre um benefício. Cada caso é um caso. As pessoas não podem chegar a uma farmácia e tomar um suplemento só porque lhes apetece”, alerta a especialista em Medicina Geral e Familiar.

A médica vai mais longe e dá um exemplo: “Se determinados tipos de doentes anticoagulados consumirem um suplemento com vitamina K por pensarem que é só uma vitamina, depois não conseguem controlar o estado da coagulação do sangue.”

O problemas adensa-se porque, na maior parte das vezes, os utentes não expõem aos seus médicos o tipo de suplementos que consomem.

 “O que está provado são as alterações de estilo de vida”

Se uma pessoa quer perder peso de forma eficaz deve aconselhar-se com especialistas, adianta a médica.

“O que está provado são as alterações de estilo de vida, ou seja, alimentação e exercício”, clarifica Oliveira. No caso da alimentação, deve ser “adequada ao metabolismo e à condição individual de cada um”, sendo que tanto os planos alimentares quanto os de exercício físico devem ser “individualizados e personalizados”.

Além disso, em casos específicos de “doentes selecionados”, existem “opções cirúrgicas, nomeadamente a cirurgia metabólica que trata as doenças metabólicas associadas à obesidade e, de certa forma, ajuda na perda de peso”.

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Avaliação do Polígrafo:

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