“A Ucrânia é um país da Europa. Existe ao lado de outro país chamado Rússia. A Rússia é um país maior. A Rússia é um país poderoso. A Rússia decidiu invadir um país mais pequeno chamado Ucrânia. Portanto, basicamente, isso está errado.” Em causa estão declarações que terão sido proferidas pela vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, em entrevista ao programa de rádio “The Morning Hustle”, a 1 de março de 2022 – e posteriormente difundidas num noticiário da Fox News.
Ora, a alegação é feita através de uma publicação partilhada na rede social X, que questiona indiretamente se Harris, que pode assumir o cargo de presidente dos Estados Unidos em representação dos democratas, detém conhecimentos geopolíticos suficientes para assumir a função. “A sério? Esta é a nova candidata?”, comenta ainda o autor do post.
Mas será que estas afirmações foram corretamente atribuídas a Kamala Harris?
Sim, mas estão a ser disseminadas fora de contexto. Primeiro que tudo, refira-se que o “The Morning Hustle” assume-se como “o programa mais fresco em emissão, com uma abordagem divertida, humorística e informativa da cultura pop urbana do ponto de vista da Geração Z e dos Millennials”, lê-se no seu site oficial.
A 1 de março de 2022 – cerca de uma semana após o início da guerra na Ucrânia –, a vice-presidente dos Estados Unidos foi convidada a participar telefonicamente num episódio desse programa. E, de facto, segundo um excerto da emissão, partilhada no YouTube, ouve-se Kamala Harris a dizer o seguinte (a partir do minuto três): “A Ucrânia é um país da Europa. Existe ao lado de outro país chamado Rússia. A Rússia é um país maior. A Rússia é um país poderoso. A Rússia decidiu invadir um país mais pequeno chamado Ucrânia. Portanto, basicamente, isso está errado e vai contra tudo aquilo que nós defendemos.”
A sua argumentação prossegue, tendo acrescentado que os Estados Unidos “respeitam a soberania, a integridade territorial e a independência dos Estados” e que a “Rússia entrou na Ucrânia militarmente, sem ter sido alvo de provocações e sem outra justificação que não seja a de exercer o seu poder para assumir o controlo de outro país”.
No entanto, importa esclarecer o pedido que lhe tinha sido inicialmente feito por um dos apresentadores deste podcast e que, portanto, motivou estas declarações: “Para aqueles que acabam de se juntar a nós, estamos a falar com a vice-presidente Kamala Harris e se têm vindo a assistir a notícias, mesmo nas redes sociais, têm visto tudo o que se está a passar neste momento na Ucrânia. Explique-nos, em termos leigos [layman’s terms], e para as pessoas que não compreendem, o que se está a passar e como é que isto pode afetar diretamente os cidadãos nos Estados Unidos.”
Segundo o dicionário Merriam-Webster, a expressão “layman’s terms” diz respeito a “linguagem simples que qualquer pessoa pode compreender”. O que explica, portanto, as expressões simplistas usadas por Kamala Harris para explicar o conflito em território ucraniano – pelo que se considera que as mesmas estão a ser partilhadas online de um modo descontextualizado.
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Avaliação do Polígrafo:
