A resposta surgiu da direita holandesa, mais propriamente do líder do partido Fórum pela Democracia, Thierry Baudet, através de uma publicação no Twitter: «A fúria de Jetten sobre a crescente homofobia na Holanda é justificada, mas ele não vê as causas: a imigração descontrolada e as fronteiras abertas, que o seu partido político tanto defende».
[twitter url=”https://twitter.com/thierrybaudet/status/1102641738819227648″/]
Baudet refere-se a Rob Jetten, líder do partido de esquerda Democratas 66, que terá feito declarações sobre a homofobia crescente numa conferência onde falou sobre a emancipação da comunidade LGBTI na Holanda. Ora, Jetten esteve, de facto, nessa conferência, lá falou sobre os direitos e as aspirações da comunidade LGBTI na Holanda, como mostra uma notícia do canal NOS, ainda assim não há qualquer indício de que o político tenha referido algum tipo de aumento da homofobia no país.
Além disso, e como é do conhecimento geral, a Holanda é um país culturalmente aberto, lugar onde existe uma extensa e enraizada comunidade gay, facto que também contribui para a germinação de dúvidas sobre o sentido e a veracidade das afirmações do deputado de direta. O site de verificação de factos factcheck.eu ajuda a desfazer a névoa em relação ao assunto: o Instituto de Investigação Social da Holanda publicou um estudo, no ano passado, que se centra nas condições de vida da comunidade LGBTI. O documento é assertivo: “Análises recentes indicam que a atitude perante a comunidade tornou-se mais positiva entre 2006/2007 e 2016/2017.”
O trabalho científico avança, ainda, que a comunidade Lésbica, Gay, Bissexual, Transexual e Intersexo sente-se mais segura no país, relatando que os seus membros tiveram menos experiências relacionadas com crimes de ódio baseados na orientação sexual. É, por isso, possível concluir que a afirmação de Thierry Baudet sobre a crescente homofobia no país é falsa, não fazendo qualquer sentido.
No fim de contas, a montanha pariu um rato: a imigração e as fronteiras abertas não são as principais causas da homofobia no país europeu, muito menos têm aumentado os crimes de ódio baseados na orientação sexual.
Por outro lado, também segundo o factcheck.eu, a polícia holandesa publicou o resultado de um inquérito, em 2015, sobre crimes homofóbicos nos Países Baixos. Os dados do documento não enganam: cerca de 60% dos atos reportados tiveram lugar em Amesterdão, e cerca de 62% dos suspeitos eram holandeses. É, assim, fácil perceber que o principal agente homofóbico no país não são imigrantes, mas sim nacionais holandeses.
No fim de contas, a montanha pariu um rato: a imigração e as fronteiras abertas não são as principais causas da homofobia no país europeu, muito menos têm aumentado os crimes de ódio baseados na orientação sexual.
A frase de Thierry Baudet, portanto, não passa de um conjunto de palavras alarmistas, preconceituosas e sem qualquer fundamento, cujo objetivo é atacar o deputado de esquerda Rob Jetten e os ideais que defendo o partido que lidera.
Avaliação do Polígrafo: