No dia 28 de Dezembro de 2018, o líder do Partido Popular (PP) espanhol, Teodoro García Egea, disse num programa de televisão que tinha sido tomado conhecimento no dia anterior que a Google iria abrir um centro tecnológico em Portugal – e não em Espanha – devido à política fiscal do governo do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE). No mesmo dia, no Senado, o porta-voz do PP, Ignacio Cosidó, detalhou as declarações do líder do partido: a decisão da Google se devia aos elevados impostos fixados pelo Executivo espanhol às empresas tecnológicas, que terão feito com que Espanha tenha deixado de ser um país apetecível para o investimento.
O site espanhol de fact-checking Maldita contactou o PP para perceber em que se tinha baseado para fazer aquelas declarações. Resposta: um artigo do jornal diário El Mundo, datado de 26 de Dezembro de 2018, em que se dava conta de que a Google decidira abrir em Portugal um centro tecnológico que iria empregar 1300 pessoas, depois de descartar Espanha como possível destino.
Analisando o artigo em causa, conclui-se que Portugal vencera a ‘luta’ pelo centro tecnológico da multinacional americana, que criou apenas 200 empregos em Espanha até àquela data. No texto são citadas fontes da Google, que recordam que Espanha tinha sido escolhida em 2014 como o Campus de Empreendedores e que agora chegara a altura de o gigante tecnológico se virar para Portugal, onde supostamente a empresa teria vantagens fiscais que o Governo espanhol não estaria disposto a conceder.
A tese do El Mundo – e depois do PP – cai, porém, por terra por um motivo: a decisão da Google foi tomada ainda durante o mandato de Mariano Rajoy, antigo Presidente do Governo Espanhol, que saiu do cargo na sequência da aprovação de uma moção de censura por parte do PSOE, em Junho de 2018. Rajoy liderava o país desde Dezembro de 2011.
A parte absolutamente verdadeira da narrativa é mesmo o investimento da multinacional americana em Portugal, anunciado por António Costa em Davos, na Suíça, no âmbito do Fórum Económico Mundial. Trata-se de um centro de serviços, um hub tecnológico para a Europa, Médio Oriente e África, arrancando com 500 empregos.
Avaliação do Polígrafo: