“Hoje, celebramos o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Precisamente neste país, e só até setembro, 344 mulheres foram violadas. Um número que já supera todo o ano passado em número de violações. Só que como muitos destes crimes sexuais são cometidos por imigrantes, nós olhamos para o lado e não queremos saber disso”, afirmou o líder do Chega esta manhã, na Assembleia da República.
Os dados desmentem, mais uma vez, o líder do Chega. Primeiro, porque não é verdade que o número de violações até setembro (344 mulheres) seja já maior do que o de 2023. No último ano, houve 359 casos de mulheres violadas num universo de 551 pessoas vítimas deste crime, ou seja, mais 15 do que este ano.
Além disso, os imigrantes também não são responsáveis por “muitos” destes crimes, já que, segundo os números da Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais, 80% dos reclusos presos por violação eram portugueses, em 2023. É ainda importante notar que, em termos de violência doméstica, os reclusos presos pelo crime em 2023 só representavam 8% do total, sendo os restantes portugueses e, na sua maioria, homens com 21 ou mais anos.
Mais interessante ainda é perceber que a percentagem de estrangeiros presos por crimes de violação (todos homens) está relativamente estável desde 2010, primeiro ano com dados disponíveis. Eram, nessa altura, 18,4% da população prisional relacionada com o crime. Isto apesar de o número de imigrantes a residir em Portugal ter aumentado substancialmente desde 2010, quando os estrangeiros homens eram 224 mil. São agora 554 mil, ou seja, um aumento de… 147%.
Outros dados importantes e que escaparam a Ventura: os crimes de violação caíram 4,8% em 2023 face a 2022, segundo o RASI de 2023; e continuam a ser perpetrados por pessoas conhecedoras da vítima (só em 25% dos casos não havia qualquer relação entre vítima e criminoso). A narrativa de André Ventura é, assim, duplamente falsa, uma vez que não encontra sustentação nos dados oficiais. Contactado pelo Polígrafo, o Chega não esclareceu sobre a fonte dos números.
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Avaliação do Polígrafo: