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Gráficos falsos e mentiras virais a circular poucas horas antes de ser conhecido o novo Presidente dos EUA

Prestes a serem conhecidos os resultados das eleições presidenciais dos EUA de 2024, a desinformação prolifera mais do que nunca neste que é um dia decisivo para aquela região do globo. Algumas das mentiras e teorias da conspiração mais recentes incluem vídeos falsos e alegações de fraude eleitoral, colocando em cheque qualquer resultado que possa advir das votações.
© Shutterstock

Ainda que não sejam para já conhecidos quaisquer resultados das eleições presidenciais dos EUA, Donald Trump vai semeando a dúvida sobre uma suposta fraude eleitoral em caso de derrota. Caminho, aliás, que não difere do que já fez na corrida à Casa Branca em 2020, em que saiu vencido por Joe Biden, e que desencadeou nos seus mais acérrimos apoiantes a motivação para o ataque ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021. Quatro anos volvidos desde a última eleição e a desinformação centra-se, mais do que nunca, nas alegações de fraude eleitoral e em vídeos falsos de supostos boletins de votos, mas não só.

Na Pensilvânia registaram-se 200 mil amish para votar em Donald Trump?

Um exemplo recente de mentira a circular nas redes sociais é a alegação de que mais de 200 mil amish, um grupo religioso cristão da América do Norte, ter-se-à registado para votar no candidato republicano Donald Trump no estado da Pensilvânia – conhecido como um dos estados decisivos (os chamados “swing states”).

O problema? Nesse estado, segundo as estatísticas do Departamento de Estudos Amish, estão registadas apenas 92.660 pessoas amish, sendo que, destas, cerca de metade são menores e, por isso, não votam.

Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua

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Boletins de voto no Kentucky já estão previamente “marcados”?

Uma outra imagem a circular online mostra um boletim de voto pelo correio que já tinha uma marca ao lado do nome da candidata democrata Kamala Harris. Segundo o autor da publicação, votar em qualquer outro candidato inviabilizaria a votação. “Os estranhos truques eleitorais a acontecer”, alega-se na publicação viral.

No entanto, o Conselho Eleitoral do Kentucky já rejeitou a alegação em declarações à BBC, afirmando ter emitido 130 boletins e não ter sido informado de qualquer reclamação indicando marcas em qualquer um dos candidatos.

O conselho eleitoral apontou ainda que, no caso dos boletins enviados pelo correio em Kentucky, se mais do que uma escolha de candidato estiver marcada com tinta, o boletim poderá ser contabilizado na mesma se o eleitor circular a sua escolha preferida.

Avaliação do Polígrafo: Falso

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Resultados da transmissão da CNN no Texas já circulam nas redes sociais e são por isso prova de fraude eleitoral?

“Eles estão a planear roubar o Texas e os seus 40 votos eleitorais?”, lê-se num “tweet” a circular desde o dia 2 de novembro no X, acompanhado de uma imagem que mostra, alegadamente, os resultados da transmissão da CNN para a eleição presidencial de 2024 no Estado do Texas, ainda antes do dia das eleições.

O objetivo é provar que se trata de fraude eleitoral a favor da candidata democrata Kamala Harris. No entanto, o suposto gráfico com os “resultados” da votação nunca foi transmitido em nenhuma plataforma da CNN.

Segundo Emily Kuhn, vice-presidente sénior de comunicações da CNN, a imagem é “completamente fabricada e manipulada“. O gráfico falso assemelha-se àqueles a que a cadeia de notícias recorreu para transmitir “alertas importantes” da corrida à Casa Branca em 2020 e nas eleições intercalares em 2022.

Avaliação do Polígrafo: Manipulado

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Supremacistas brancos “estão a planear atacar” os negros “de agora até à tomada de posse”?

Uma publicação no Facebook alega que o gabinete do xerife do condado de Gwinnett avisou que os supremacistas brancos “estão a planear atacar, a partir de agora e até à tomada de posse,” a comunidade negra e em particular “as mulheres negras”, já que são “alvos fáceis”.

A alegação é falsa. O gabinete do xerife deste condado emitiu um comunicado no dia 2 de novembro referindo não ter recebido tal informação: “O Gabinete do Xerife do Condado de Gwinnett foi informado de um texto que sugere possíveis ataques a mulheres afro-americanas ‘a partir de agora e até a posse’. Não recebemos nenhuma informação que indique ameaças a qualquer grupo no dia das eleições ou nos seguintes. Um discurso de ódio como este visa incutir medo na comunidade e impedir-nos de exercer os nossos direitos constitucionais.”

A mesma fonte sublinhou ainda continuar “empenhada em proteger todos os cidadãos” e a “monitorizar e responder adequadamente a todos os comportamentos suspeitos e ameaçadores”.

Avaliação do Polígrafo: Falso

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