É uma palavra-valise que forma uma amálgama entre Gerry de Elbridge Gerry, antigo governador do Massachusetts, EUA, (1810-12) e salamandra. Mas a que propósito? Remonta ao dia 26 de março de 1812, quando o jornal “Boston Gazette” utilizou esse neologismo (entretanto transformado em convenção política nos EUA) para descrever o redesenho de distritos no âmbito das eleições para o Senado do Massachusetts.
O governador Gerry assinou um decreto que estabeleceu alterações nas linhas de fronteira entre os distritos no mapa, beneficiando as aspirações eleitorais do Partido Democrata-Republicano (dissolvido em 1825). O jornal publicou então um cartoon ilustrativo da maneira discricionária e artificial como os distritos foram redesenhados no mapa, ao ponto de as novas linhas de fronteira se assemelharem à forma mitológica de uma salamandra.
A prática de Gerrymandering tem sido recorrente nos EUA, desde há mais de dois séculos. É como que uma forma legal de manipulação eleitoral, ao redesenharem-se as linhas de fronteira dos distritos com a intenção de beneficiar um determinado partido/candidato.
Baseando-se em dados sobre as moradas de apoiantes de cada partido/candidato, os legisladores concentram os apoiantes do partido/candidato que pretendem beneficiar em distritos-chave, ou diluem os apoiantes do partido/candidato rival em vários distritos, explorando o sistema winner-takes-all (um sistema eleitoral não proporcional, em que o partido ou candidato mais votado obtêm todos os votos ou representantes do distrito em causa).
Esta prática também costuma servir para beneficiar ou prejudicar minorias étnicas como os afro-americanos, tornando mais ou menos provável a eleição de candidatos negros.