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Estados Unidos. As sete maiores falsidades disseminadas no pós-eleições

Este artigo tem mais de um ano
Donald Trump e Joe Biden enfrentaram-se nas urnas a 3 de novembro e foi só esta sexta-feira, dia 13, que o atual presidente dos EUA admitiu a hipótese de vitória do rival. Ainda assim, mantém as alegações de que as presidenciais foram marcadas por inúmeras fraudes. Nas redes sociais, várias publicações procuram comprovar as teorias do republicano.

1. O rumor: 

De acordo com vários conteúdos partilhados nas redes sociais, William Barr, procurador-geral dos EUA, denunciou “publicamente que houve fraude eleitoral” e que alguns eleitores “votaram duas vezes”.

William Barr CNN

A verdade:

As imagens partilhadas referem-se a uma entrevista de Barr à “CNN” a 2 de setembro e o procurador-geral dos EUA nunca referiu que houve quem votasse duas vezes nas eleições deste ano. O que Barr refere é que “a comissão bipartidária presidida por Jimmy Carter e James Baker disse, em 2009, que o voto por correio está repleto de riscos de fraude e coação”. Ou seja, as referências a possíveis fraudes eleitorais não correspondem ao ato eleitoral de 3 de novembro.

Avaliação do Polígrafo:

Falso

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2. O rumor:

Apanhei-os a todos”. Esta é a frase que se ouve o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer aos jornalistas num vídeo disseminado nas redes sociais. A declaração tem sido partilhada como se fosse atual e tivesse sido retirada de uma reação do político republicado ao resultado das presidenciais.

We caught them all

A verdade:

Na realidade, o que está a ser partilhado é um pequeno segmento de um vídeo de 8 de novembro de 2019. Trump não falava de nenhuma fraude eleitoral, mas das investigações contra si que considerava serem falsas. “Acredito que, à luz do que está a ocorrer, e sabem ao que me refiro: as fake news, os ‘Comeys’ do mundo [ndr: referindo-se James Comey, ex-diretor do FBI demitido pelo presidente dos EUA] e todas as coisas más que ocorreram… Chama-se ‘pantano’. E sabem o que aconteceu e o que fiz? Um grande favor. Apanhei o pantano. Apanhei-os a todos. Vamos ver o que acontece. Ninguém poderia ter feito mais. Apanhei toda essa corrupção que acontecia e ninguém mais o poderia ter feito”, é a declaração de Trump na totalidade, como se pode comprovar neste vídeo.

Avaliação do Polígrafo:

Falso

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3. O rumor:

Um mapa com os alegados resultados reais das eleições americanas propagou-se viralmente pelas redes sociais. De acordo com a imagem partilhada, Donald Trump teria conquistado a reeleição com 311 votos eleitorais, contra apenas 227 supostamente ganhos por Joe Biden.

Mapa

A verdade:

O mapa em questão foi feito na plataforma 270toWin, um site que permite criar uma previsão do resultado eleitoral norte-americano. O autor do mapa dava a vitória a Trump em estados como Nevada, Arizona, Wisconsin, Michigan ou Pensilvânia, o que não se veio a verificar. O logótipo da plataforma aparece junto ao mapa, demonstrando desde logo não se tratar de um documento oficial.

Avaliação do Polígrafo:

Pimenta na Língua

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4. O rumor:

“Isto é ilegal, é necessária uma recontagem”, exige-se numa mensagem a circular nas redes sociais e na qual se dissemina um vídeo que comprova a suposta manipulação de uma urna eleitoral em Flint, no estado do Michigan. De acordo com o divulgado, sempre que um eleitor exercia o seu direito de voto e abandonava a sala, uma pessoa da mesa adicionava um voto fraudulento à urna.

Flint

A verdade:

Através da técnica de pesquisa inversa foi possível encontrar o vídeo no Youtube com data de 18 de março de 2018. No título do vídeo explica-se que se trata de uma mesa eleitoral em Lyubertsy, cidade na periferia de Moscovo, na Rússia, durante as eleições que tiveram lugar no mesmo dia em que o vídeo foi publicado. Na urna também é possível ver o brasão russo. De acordo com o jornal online espanhol “elDiario.es, “a diretora da Comissão Eleitoral de Moscovo disse que todos os votos foram declarados nulos”.

Avaliação do Polígrafo:

Pimenta na Língua

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5. O rumor:

Está a ser igualmente partilhado nas redes sociais um outro vídeo que, garante-se, prova um suposto ato de fraude eleitoral no condado de Delaware, na Pensilvânia. A trabalhadora aparece a marcar vários boletins de voto durante a contagem das eleições norte-americanas.

Pensilvania

A verdade:

Não há provas de que se trate de fraude eleitoral. O departamento de relações públicas do condado de Delaware disse à plataforma espanhola de verificação de factos “Maldita.es que estão a circular vídeos “manipulados” alegando mostrar funcionários “a preencher boletins em branco de forma fraudulenta”, mas que estes “estavam a marcar votos danificados”. De acordo com a mesma fonte, o processo foi supervisionado por “observadores independentes” e faz parte do Código Eleitoral da Pensilvânia.

Avaliação do Polígrafo:

Falso

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6. O rumor:

“Este é William Bradley. Foi sortudo o suficiente para votar na eleição de 2020”, escreve-se numa publicação no Twitter, na qual se garante que este cidadão votou no condado de Wayne, no Michigan, apesar de ter morrido em 1984.

William Bradley

A verdade:

Ao “Politifact, o Departamento de Eleições de Detroit esclareceu que “nunca solicitou, recebeu ou contou nenhum voto do senhor Bradley, de 118 anos”. O que aconteceu foi que o filho de William Bradley, que tem o mesmo nome e vive na mesma casa, teve o seu voto registado erradamente como se fosse o do falecido pai.  

Avaliação do Polígrafo:

Falso

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7. O rumor:

Uma tabela a circular nas redes sociais pretende comprovar que a participação em vários estados nas eleições teria superado os 100%, baseando-se esta percentagem no número de votos projetados e no número de votantes registados em cada um desses locais.

votes

A verdade:

Uma das fontes da tabela é o site World Population Review, mas os dados do site diferem dos apresentados na tabela e, consequentemente, em nenhum estado se ultrapassou os 100% de participação eleitoral. Os números de pessoas registadas em Nevada, Pensilvânia, Minnesota, Carolina do Norte, Wisconsin, Michigan, Arizona e Georgia foram manipulados de forma a serem mais baixos do que os reais.

Avaliação do Polígrafo:

Pimenta na Língua

 

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