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As “fake news” virais lançadas à última hora para influenciar as eleições nos EUA

A desinformação em torno das eleições presidenciais dos EUA não cessou enquanto os norte-americanos votavam, nem mesmo quando já estavam a ser apurados os resultados. Conheça aqui algumas das histórias (falsas) mais virais das últimas horas.
© Shutterstock

A contagem da totalidade dos votos ainda não está finalizada, mas tudo aponta para uma vitória de Donald Trump que deverá assim voltar a assumir a Presidência dos Estados Unidos da América (EUA), sucedendo a Joe Biden. Enquanto os eleitores norte-americanos votavam – e mesmo durante o processo de apuramento dos resultados – surgiram novas narrativas de desinformação e teorias da conspiração. Apresentamos aqui algumas das histórias mais difundidas, com os devidos selos de “Falso” ou “Pimenta na Língua”.

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Existiu evidência de “fraude eleitoral” em Filadélfia, como alegou Trump?

A acusação partiu daquele que, ao que tudo indica, será o próximo Presidente dos Estados Unidos da América, tendo sido disseminada pelo próprio através de uma publicação na rede social que fundou, a Truth Social. “Muita conversa sobre BATOTA em massa em Filadélfia. Autoridades a caminho!!!”, escreveu o candidato republicano.

No entanto, em declarações à CNN Internacional, o Departamento de Polícia de Filadélfia revelou não ter informações que sustentassem as alegações de Trump, nem de quaisquer problemas relacionados com a votação que requeressem intervenção policial.

Através do X, o comissário municipal de Filadélfia, Seth Bluestein – também ele republicano – negou igualmente a veracidade da tese: “Não há absolutamente nenhuma verdade nesta alegação.”

Avaliação do Polígrafo: Falso

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Boletins eleitorais de Ohio “mostram o nome de Donald Trump mal escrito”?

“Os boletins de voto do Ohio mostram o nome de Donald Trump mal escrito – poderá isto invalidar os votos expressos?”, refere-se numa publicação partilhada no X que, como tantas outras, dava conta de mais uma alegada tentativa de interferência eleitoral no âmbito deste escrutínio para a Casa Branca.

Ao PolitiFact, Dan Lusheck, porta-voz do gabinete do secretário de Estado do Ohio, assegurou que a “junta eleitoral do condado não recebeu qualquer queixa de um eleitor acerca de um boletim de voto danificado da forma representada pelas publicações”, tendo acrescentado: “Os únicos relatos que vimos sobre este tipo de boletins de voto danificados são os que circulam na Internet.” Ainda assim, o responsável assegurou que um eventual voto registado num boletim que apresentasse o nome de um dos candidatos mal escrito seria igualmente validado. 

Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua

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FBI e Departamento de Educação dos EUA recomendaram fecho de escolas devido a aumento do risco de tiroteios?

Circulou também no X um vídeo, entretanto removido por violar as regras da plataforma, que dava conta de que o FBI, em coordenação com o Departamento de Educação dos Estados Unidos, estaria “a recomendar” que as escolas suspendessem as aulas “até 11 de novembro”, devido a um aumento significativo do risco de tiroteios e motins em estabelecimentos desta natureza durante as eleições presidenciais norte-americanas. 

Facto é que, entretanto, o próprio FBI publicou “online” um comunicado onde classificava esta alegação como uma de três “narrativas falsas” que, nos dias anteriores, tinham vindo a ser divulgadas usando indevidamente o nome da agência. “Este vídeo não é autêntico, não é do FBI e o seu conteúdo é falso”, assegura-se por esta via. 

Além disso, o Departamento de Educação dos Estados Unidos também não fez qualquer anúncio público nesse sentido no seu site ou redes sociais, constatou o “Lead Stories”, detalhando que o vídeo que difundiu esta tese parece ter surgido no âmbito de uma campanha de desinformação russa, entretanto intitulada de Storm-1516. 

Avaliação do Polígrafo: Pimenta na Língua

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Mulher fotografada em Palm Beach ao lado de Trump era uma sósia de Melania?

Uma série de publicações, que viralizaram nas redes sociais, divulgaram imagens retiradas da emissão da cadeia de televisão MSNBC, apresentando o candidato republicano, após ter votado em Palm Beach, na Flórida, ao lado daquela que seria uma versão “falsa” da sua mulher, Melania Trump. Ou, por outras palavras, uma sósia.

Porém, e como reportou inicialmente a “Snopes”, não existe qualquer evidência que sustente que a mulher que se encontrava ao lado de Donald Trump não seria a sua esposa. Prova disso, aliás, são as imagens captadas pela estação televisiva C-SPAN e outras divulgadas no banco de imagens da Getty Images, que identificam quem acompanhava o ex-Presidente do país à saída do referido local de voto como sendo, de facto, Melania.

Avaliação do Polígrafo: Falso

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