Era um objetivo desde o primeiro dia, que acaba de ser cumprido apenas cinco meses depois do seu lançamento: o Polígrafo foi acreditado pela International Fact-Checking Network (IFCN), uma organização que funciona na orla do prestigiado Poynter Institute e que agrega os melhores projetos jornalísticos mundiais de fact-checking.
Para ser integrado na IFCN, o Polígrafo passou por um exigente mecanismo de avaliação, em que um perito destacado para o efeito aferiu de forma meticulosa todas as componentes do nosso projeto. Nada ficou de fora: a nossa política de transparência, o nosso compromisso com a independência e o apartidarismo, o nosso método, a nossa política de correções e até as nossas fontes de financiamento.
No final do processo, veio a decisão mais esperada: aprovado.
A adesão à IFCN é, para nós, uma conquista e uma responsabilidade. Uma conquista porque nos coloca na “Liga dos Campeões” do fact-checking, onde estão projetos incríveis como o Politifact (vencedor de um Pulitzer do jornalismo americano), o Maldita.es, a Agência Lupa, a Newtral, o Full Fact ou o Pagella Politica. É também uma responsabilidade porque nos obriga a um esforço acrescido para manter os critérios de excelência que nos conduziram a um dia que não é apenas bom para o Polígrafo – também o é para o jornalismo português, que vê reconhecida sua qualidade por uma das maiores organizações de referência do jornalismo mundial, o Poynter Institute. Estamos, portanto, todos de parabéns.
Ao aderir à IFCN, o Polígrafo compromete-se a cumprir o Código de Princípios da organização, constituído por cinco pontos:
1 – Compromisso com o não-partidarismo e com a justiça
Os signatários analisam as declarações utilizando o mesmo padrão para todos os fact checks. Não concentram a sua prática de verificação dos factos num ou noutro lado. Seguem o mesmo processo para cada fact-check e deixam as evidências ditar as nossas conclusões. Não tomam partido relativamente aos assuntos que verificamos.
2 – Compromisso com a transparência das fontes
Os signatários pretendem que os seus leitores possam verificar as conclusões por si próprios. Fornecem informação sobre todas as fontes com detalhe suficiente para que os leitores possam replicar o trabalho, exceto em casos em que a segurança pessoal de uma fonte possa ficar comprometida. Nesses casos, fornecem o maior número de detalhes possível.
3 – Compromisso com a transparência do financiamento
Os signatários são transparentes em relação às fontes de financiamento. Se aceitam financiamento de outras organizações, garantem que os financiadores não têm qualquer influência nas conclusões a que chegam nos seus artigos. Detalham o perfil profissional de todas as figuras chave da sua organização, e explicam a sua estrutura organizacional e estatuto legal. Indicam claramente aos leitores uma forma de comunicarem com a organização.
4 – Compromisso com a transparência da metodologia
Os signatários explicam a metodologia que usam para selecionar, investigar, escrever, editar, publicar e corrigir os fact-checks.Estimulam os leitores a enviar declarações para verificar e são transparentes sobre porque e como investigam.
5 – Compromisso com correções abertas e honestas
Os signatários publicam a sua política de correções, que seguem escrupulosamente. Corrigem de forma clara e transparente, em linha com a sua política de correções, procurando ao máximo assegurar que os leitores veem a versão corrigida.
Cumprido este, há muitos outros objetivos no horizonte. Em breve trarei mais boas notícias – para nós e para o jornalismo português. Entretanto, peço-lhe que continue connosco, que nos envie sugestões de fact-check por e-mail ou através das nossas linhas no WhatsApp e no Telegram, que nos alerte para erros ou imprecisões. Só consigo a nosso lado seremos melhores – e quanto melhores formos, mais respirável se torna o espaço público.