Já aqui tinha escrito que o Polígrafo e a SIC se encontravam numa relação séria com a verdade. Foi no dia 1 de abril, aquele que escolhemos, nós e a SIC, para emitir o primeiro episódio do Polígrafo SIC. Cerca de seis meses passados, é possível concluir que não estava enganado: semana após semana, o primeiro programa de fact-checking da televisão portuguesa impôs-se pelo rigor dos seus conteúdos, pela transparência dos seus métodos e pela relevância das suas análises no espaço público.
Provou-se, com o Polígrafo SIC, que o fact-checking não é apenas uma notável ferramenta jornalística para oxigenar a democracia – é também um fenómeno de audiências em televisão. Desde o primeiro dia que um milhão de pessoas acompanha, em média, o nosso trabalho. E nas últimas três semanas em que o programa foi diário – um enorme desafio que assumimos com o entusiasmo militante do costume – os resultados foram igualmente notáveis.
Transmitido entre 17 de setembro e 4 de outubro, o “Polígrafo Especial Legislativas” liderou no universo dos canais generalistas com um share de 22.7% e uma audiência média de 11.4%, correspondente a uma média de 1 milhão, 80 mil e 200 telespetadores. O programa liderou praticamente todos os dias, com exceção dos dois em que a TVI transmitiu jogos da Liga dos Campeões. Um detalhe que é importante não menosprezar: o Polígrafo SIC bateu-se diretamente com um dos maiores fenómenos de audiências da TVI – o Gente Que Não Sabe Estar, apresentado por Ricardo Araújo Pereira. Analisando a média dos dois programas até dia 4 outubro, conclui-se que o Polígrafo SIC registou 22.7% de share contra 20.9% do programa da TVI.
O Polígrafo SIC bateu-se diretamente com um dos maiores fenómenos de audiências da TVI – o Gente Que Não Sabe Estar, apresentado por Ricardo Araújo Pereira. Analisando a média dos dois programas até dia 4 outubro, conclui-se que o Polígrafo SIC registou 22.7% de share contra 20.9% do programa da TVI
Os resultados obtidos querem dizer uma coisa muito simples: nestas eleições, os portugueses escolheram os factos – na televisão e no site, que também bateu recordes de audiência, como é, aliás, habitual em projetos de fact-checking no período eleitoral. Publicámos dezenas de artigos, alguns dos quais marcaram a campanha. Foram vários os candidatos que, à imagem do que já acontecera nas eleições Europeias, se socorreram do nosso trabalho para validar a sua honestidade. O último foi António Costa, que no momento mais dramático de toda a campanha – aquele em que quase agrediu um eleitor que injustamente o acusava de estar de férias quando aconteceu a tragédia de Pedrógão – não resistiu a recorrer a um fact-check aqui publicado em Agosto, em que se concluía sem margem para dúvidas que o Primeiro-Ministro não desertou durante os fogos que varreram o país no Verão quente de 2017 – bem pelo contrário.
Foram vários os candidatos que, à imagem do que já acontecera nas eleições Europeias, se socorreram do nosso trabalho para validar a sua honestidade. O último foi António Costa, no momento mais dramático de toda a campanha
A verdade, também já o escrevi neste espaço, é profundamente viral – e esse tem sido um dos grandes segredos do sucesso do Polígrafo, já reconhecido pela atribuição de prémios jornalísticos e pela academia, que não se cansa de estudar o fenómeno em que nos tornámos. Neste momento há várias teses de mestrado e de doutoramento em curso, em Portugal e no Brasil, que escolheram o Polígrafo como case study. E são muitos os que, sobretudo nos Estados Unidos, em Espanha e no Brasil, mostram interesse em vir conhecer de perto os motivos que levam tantos leitores a não hesitar em partilhar obsessivamente nas suas redes sociais os nossos ajustes de contas diários com a desinformação. Eu tenho uma resposta para lhes dar. Fazem-no porque se importam. Fazem-no porque estão cansados da mentira e da manipulação. Fazem-no porque são boa gente; gente que não se demite das suas responsabilidades de cidadania. E fazem-no, finalmente, porque, como nós, estão apaixonados pela verdade. Que nunca se desapaixonem é o maior dos meus desejos.