Não, não estou a brincar: hoje, Dia das Mentiras, o Polígrafo comemora 136 dias de existência. Cento e trinta e seis dias dedicados à exibição pujante e despudorada da verdade - sim, da verdade, porque a mentira nada nos interessa a não ser como instrumento para fazer a verdade respirar.

Quando, a 6 de Novembro de 2018, apresentei o Polígrafo na Web Summit, sublinhei de forma muito enfática algo que vinha repetindo ao longo do ano e meio que investi na sua viabilização junto de parceiros e investidores: o Polígrafo não é apenas mais um jornal; é um conceito, uma ideia poderosa alicerçada numa citação tão célebre quanto atual: “Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário.” (Nota de rodapé: se estivesse vivo, que diria George Orwell dos tempos que vivemos?)

De verdade em verdade, de fact-check em fact-check, o Polígrafo conquistou, por mérito próprio, o seu lugar no ecossistema mediático português. Os políticos pouco sérios temem-nos e os comentadores levianos odeiam-nos. Os defensores da honestidade respeitam-nos e os promotores da civilidade democrática incentivam-nos. Os populistas encartados detestam-nos e os difusores de mentiras virais nas redes sociais desprezam-nos. Ainda bem. É sinal de que estamos a fazer o nosso trabalho.

Ao longo destes quatro meses, o Polígrafo chegou a vários milhões de pessoas. Só no mês de Março registámos cerca de quatro milhões de pageviews. E conseguimo-lo com a publicação de apenas quatro conteúdos por dia. Para os menos esclarecidos sobre esta matéria, vale a pena dizer que os jornais ditos “tradicionais” chegam a publicar 200 a 300 (sim, leu bem) conteúdos diários nas suas edições online.

O Polígrafo não é apenas mais um jornal; é um conceito, uma ideia poderosa alicerçada numa citação tão célebre quanto atual: “Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário.”

A conclusão só pode ser uma: a verdade do Polígrafo não é apenas revolucionária – é também profundamente viral. Sei que não exagero se disser que, tendo em conta a relação entre o número de conteúdos produzidos pelo Polígrafo e o seu alcance , dificilmente haverá outra publicação em Portugal com um poder viral tão evidente. Devêmo-lo aos nossos leitores, alguns deles notáveis fact-checkers - e todos eles cidadãos empenhados na denúncia da desinformação e na revelação dos factos. Se algum mérito o Polígrafo possui é o de ter conseguido atrair para junto de si uma enorme comunidade que generosamente tem contribuído para o agigantar do projeto, quer através das suas numerosas sugestões (só pela nossa linha de WhatsApp chegaram-nos, até ontem, 2.234 propostas de fact-checking), quer com as suas partilhas e os seus comentários inteligentes que nos obrigam a melhorar.

A conclusão só pode ser uma: a verdade do Polígrafo não é apenas revolucionária – é também profundamente viral. Sei que não exagero se disser que, tendo em conta a relação entre o número de conteúdos produzidos pelo Polígrafo e o seu alcance , dificilmente haverá outra publicação em Portugal com um poder viral tão evidente.

Talvez por isso, embora não só por isso, o Polígrafo suscite tanto interesse. Desde Novembro, participei em inúmeros debates e conferências em Portugal e no estrangeiro sobre o drama das fake news - o último foi há duas semanas, em Milão. Até a academia, quase sempre conservadora na aceitação de novos fenómenos, já percebeu a amplitude do projeto: neste momento, o Polígrafo é case study em vários estudos científicos e em pelo menos uma tese de doutoramento e outra de mestrado.

Volto ao início: hoje é o dia 136 do Polígrafo. Não é uma data redonda, daquelas que vulgarmente se utilizam como pretexto para fazer balanços. É, porém, um dia nuclear no processo de afirmação da ideia que lhe deu origem. Porque hoje é o dia em que chegamos à televisão. E a “culpa” tem de ser toda atribuída à visão e ao faro jornalístico do Ricardo Costa, diretor de informação da SIC, que desde o dia em que, num encontro casual numa repartição de finanças, lhe falei do projeto (ainda ele existia apenas na minha cabeça), manifestou o desejo de o transformar num produto televisivo de excelência.

Ora, esse produto chega logo à noite aos ecrãs da SIC. Primeiro no Jornal da Noite e logo depois na SIC Notícias, o Bernardo Ferrão, outro jornalista de eleição que todos conhecemos e respeitamos, dará a cara pelo primeiro programa televisivo de fact-checking puro e duro em Portugal.

No Polígrafo/SIC não haverá opiniões – existirão factos, factos, factos. Não haverá julgamentos sumários – teremos um confronto de ideias que serão frequentemente conflituantes. Não haverá jornalismo monocromático – porque a realidade nem sempre é preta ou branca. Não haverá, por fim, narrativas pré-estabelecidas – contem antes com um esforço apaixonado para chegar à verdade - àquela que nós, Polígrafo e SIC; SIC e Polígrafo, escolhemos amar. Porque só amando a verdade é que se pode demonstrá-la. Foi Vergílio Ferreira quem o escreveu - e eu não tenho a pretensão de o refutar.

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