“As exportações extra-UE apoiaram 37 milhões de empregos na UE em 2019. O que corresponde a 17,9 % do total de emprego. As quotas mais altas foram observadas em: Irlanda (29,4 %) e Luxemburgo (29,1 %). O mais baixo em: Grécia (12,2 %) e Portugal (12,5 %)”, destaca-se numa publicação do Eurostat no Facebook.
No dia 5 de julho, o Eurostat divulgou novos dados indicando que as exportações para fora da UE garantiam, em 2019, no conjunto de todos os Estados-membros, 37 milhões de postos de trabalho. Este número inclui não apenas as empresas que exportam produtos diretamente, mas também as empresas que fornecem bens ou serviços que suportam a produção das mercadorias a exportar.
O gabinete de estatísticas informa que, em termos relativos, estes empregos representam 17,9% do total de empregos na UE, o que corresponde a cerca de 209 milhões de profissionais. Ou seja, em média, um em cada seis trabalhadores na UE ocupa um emprego no setor da exportação externa.
Os Estados-membros em que se registam maiores percentagens de emprego suportado por exportações para fora da UE são o Luxemburgo e a Irlanda, ambos com cerca de 29% do total de empregos do país relacionados, de forma direta ou indireta, com este tipo de exportação.
A distribuição destes postos de emprego na UE varia substancialmente. Em Portugal, a percentagem de postos de trabalho suportados por este tipo de exportação é de 12,5%. Ou seja, em média, um em cada oito portugueses trabalha no setor, direta ou indiretamente.
Questionado pelo Polígrafo sobre esta matéria, Vítor Magriço, economista e professor no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (ISEG), sublinha que, analisando os dados do gráfico, pode entender-se que “foram tidos em conta efeitos indiretos das exportações de outros países sobre o emprego em Portugal”.
No entanto, Magriço ressalva que “os efeitos diretos devem ser predominantes e que, portanto, se exportamos pouco para fora da União Europeia temos pouca gente a trabalhar para as exportações para fora da União Europeia“.
Na mesma linha, Ricardo Cabral, economista e professor do ISEG, explica que “o tecido de exportação português baseia-se sobretudo em produtos que já estão quase comoditizados e em que existe uma grande concorrência internacional“.
O economista aponta também para o papel da “exportação para multinacionais, tais como, a Bosch ou a Volkswagen que instalam fábricas em Portugal para exportar para os seus próprios países, sendo que depois essas exportações acabam por sair para o resto do mundo a partir daquele país“.
“Tipicamente fazemos parte de uma cadeia de produção em que as indústrias [finais] estão colocadas em outros pontos da Europa. Portanto, é natural que tenhamos estas estatísticas. Não temos indústrias fortes que exportem para todo o mundo“, conclui.