O 22.º Campeonato Mundial de futebol está há várias semanas a ser motivo de publicações nas redes sociais. O “Maldita.es”, plataforma espanhola de verificação de factos, fez um apanhado de algumas das principais histórias falsas que se tornaram virais.
Messi colocou um autocolante do Boca Juniors na mala com que viajou para o Qatar?
Apesar de o seu clube de infância ser o Newell’s Old Boys (de Rosario), foi o Boca Juniors (de Buenos Aires) a ser associado a Lionel Messi. Tudo por causa de uma fotografia, na chegada da seleção argentina ao Qatar, na quarta-feira (16 de novembro), em que se vê um autocolante do Boca Juniors no trolley de Lionel Messi. Porém, comparando a fotografia original com aquela que foi publicada nas redes sociais, percebe-se que se trata de uma manipulação, a mala da estrela da seleção argentina não tem qualquer adereço alusivo ao clube de Buenos Aires.
Um “porta-voz da organização” do Campeonato do Mundo afirmou que a exibição da bandeira LGTBI será punida com “pena de prisão de 7 a 11 anos”?
É conhecida a posição do regime qatariano sobre a homossexualidade – criminalização, com consequente pena de prisão. Em junho deste ano, nas redes sociais, circulou a informação de que, para prevenir os possíveis protestos de várias associações através do uso da bandeira LGBTI, um “porta-voz da organização” da competição declarou que quem ostentasse aquela bandeira seria punido com pena de prisão de 7 a 11 anos.
Porém, a fotografia partilhada para divulgar a informação não corresponde ao autor (o porta-voz) nem ao tempo da alegada declaração (é de março e não de junho). Por último, a própria Comissão Organizadora desmentiu à plataforma espanhola de fact-checking que alguém daquele organismo tivesse proferido tal afirmação.
Seleção ganesa esqueceu-se do equipamento oficial e corre o risco de não o ter disponível no primeiro jogo contra Portugal?
É o primeiro adversário de Portugal no Mundial, dia 24 de novembro, e várias publicações nas redes sociais contavam a história rocambolesca de um esquecimento, no seu país, do equipamento do Gana. Essa falha, segundo as mesmas fontes, comprometeria a estreia da seleção africana no Grupo H, apesar de ainda faltar cerca de uma semana para esse jogo frente a Portugal (havendo por isso tempo para, diretamente ou com escalas, enviar o “traje desportivo” de Acra para Doha).
O secretário-geral da federação ganesa de futebol negou qualquer esquecimento e esclareceu que a marca (Puma) enviou todos os equipamentos diretamente para o Qatar. Num dos treinos (o de 15 de novembro) da seleção adversária de Portugal, puderam já ser vistos, inclusive, os uniformes pré-jogo.
Adeptos das seleções não naturais desses países que se vêm nas ruas são, na verdade, forjados e pagos pela organização da competição?
As imagens do apoio, nas ruas do Qatar, a várias seleções – sobretudo, à medida que estas vão chegando -, nas quais se percebe que muitos dos adeptos de cachecol ou camisola não são naturais dos respetivos países, levantaram dúvidas sobre a autenticidade daquele comportamento e o que estaria na sua génese. Publicações nas redes sociais garantiram que se tratava de um apoio pago pela Comissão Organizadora do Mundial, portanto, uma farsa. Esta, no entanto, rejeitou qualquer pagamento ou interferência para criar essa atmosfera festiva para as seleções.
No caso concreto de Portugal – que também já mereceu essas manifestações de regozijo por parte de dezenas de pessoas -, houve igualmente um desmentido formal de algum pagamento realizado. Num comunicado citado pelo jornal A Bola, Elisabete Reis, a “fan leader” da seleção de Portugal no Qatar (a convite da Comissão Organizadora), residente naquele país, declarou: “Ninguém aqui no Catar é pago para apoiar a Seleção Portuguesa, nem eu nem os restantes adeptos. Não é necessário ser português para apoiar a Seleção de Portugal! Contamos com adeptos de muitas nacionalidades, devemos estar orgulhosos nisso. Não pagamos a ninguém para gostar de Portugal ou da nossa Seleção.”