O Polígrafo consultou as listas de ações de propaganda política e meios nelas utilizados, entregues pelos partidos ao Tribunal de Contas (TdC). Foram 27.272 euros nas legislativas de 2024 e 8.719 euros nas europeias do mesmo ano, num total de 35.991 euros.
A AD escolheu o Hotel Apartamento Solverde, em Espinho, para pernoitar durante a “volta do líder” nas eleições legislativas e também nas europeias. A tabela entregue pelo partido ao TdC sugere que a equipa terá feito check-in a 23 de fevereiro e check-out a 8 de março, mas não especifica os gastos em concreto. A esmagadora maioria terá sido investida no aluguer de quartos para a comitiva de campanha. Contactados pelo Polígrafo, nem o PSD, nem o gabinete do Primeiro-Ministro mostraram disponibilidade para detalhar os gastos realizados.
Espinho, onde Montenegro vive com a família, foi a segunda cidade que mais dinheiro custou à campanha. Só Lisboa, o maior círculo eleitoral do país, fica à frente, com a 4 Company Hotels, em Lisboa, a receber 65.329 mil euros pelas estadias durante as legislativas. No Porto, o custo foi de 8.951 euros no Grande Hotel do Luso.
O Hotel Solverde já tinha sido a escolha de Rui Rio em 2022, nas legislativas, e em 2019, nas europeias, mas os gastos nem chegaram perto dos de Montenegro. Foram 3.513 euros ao todo na campanha para as eleições à AR (e para um período mais longo: de 1 a 28 de janeiro) e 2.215 euros nas eleições para o Parlamento Europeu.
Nas contas finais, Montenegro também ganha: gastou 3 milhões e 256 mil euros nas legislativas de 2024. Rui Rio fez a campanha, dois anos antes, por 1 milhão e 858 mil euros. Quanto às europeias, Montenegro gastou 1 milhão e 320 mil euros e Rio um total de 882 mil euros.
Recorde-se que entre julho de 2021 e março de 2025, a empresa da família de Montenegro, a Spinumviva, recebeu uma avença mensal de 4.500 euros da Solverde por serviços especializados de compliance e proteção de dados pessoais. Esta relação contratual levantou questões sobre potenciais conflitos de interesse, especialmente considerando que o Governo terá de se pronunciar sobre o fim das concessões dos casinos operados pela Solverde no final deste ano.
O Partido Socialista anunciou a intenção de criar uma comissão parlamentar de inquérito para investigar o caso. Em resposta, Luís Montenegro convocou um Conselho de Ministros extraordinário e anunciou que o Governo apresentará uma moção de confiança no Parlamento para reafirmar a sua legitimidade. A moção será debatida na Assembleia da República na próxima quarta-feira, 12 de março. Caso seja rejeitada, o Governo de Montenegro poderá ser forçado a demitir-se, abrindo caminho para a realização de eleições antecipadas.